MST faz balanço dos seus 27 anos no Rio Grande do Norte

O debate foi conduzido pela companheira Fátima Ribeiro, da Coordenação Nacional. Houve homenagem aos companheiros que tombaram ao longo desses 27 anos.

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Por Jailma Lopes
Da Página do MST
Fotos: Luisa Medeiros

 

Na tarde do sábado (16), dando continuidade às atividades da I Feira de Produtos da Reforma Agrária, aconteceu um momento de resgate da história do MST no Rio Grande do Norte (RN). O espaço, em alusão aos 27 anos de luta e resistência do movimento no estado, contou com a presença da companheira Fátima Ribeiro, que ajudou na fundação do MST-RN e que atualmente compõe a Coordenação Nacional do movimento.

Antes de iniciar o debate, foi realizada uma mística de abertura, com a leitura das “Cartas às mães Sem Terra”, que fala sobre o processo de resistência das famílias camponesas na luta pela Reforma Agrária. Em seguida, foram homenageados companheiros do estado que tombaram durante essas quase três décadas de trabalho do movimento. Também foram exibidas imagens que marcaram as ações do MST no Rio Grande do Norte e foram relembradas conquistas importantes alcançadas pelo movimento.

Após saudar os companheiros e companheiras presentes, Fátima Ribeiro começou sua fala fazendo uma retrospectiva da história de luta pela terra e por liberdade em solo potiguar. Foram retomadas as batalhas dos povos indígenas que habitavam o atual Rio Grande do Norte, as disputas entre os colonizadores portugueses e holandeses, o interesse estrangeiro nas nossas terras e mares e a luta por libertação dos povos africanos trazidos para a região.

 

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Fátima apresentou também o tema do êxodo rural, a histórica concentração de terra no RN, a falta de incentivo à agricultura e os prolongados períodos de seca como razões que impulsionaram a necessidade da luta camponesa no estado. Além disso, a companheira discutiu acerca das experiências de lutas isoladas e espontâneas realizadas por camponeses antes da fundação do MST e o papel desempenhado pela Igreja, a atuação dos sindicatos e das organizações não-governamentais durante esse período.

“Eu penso que os legados do MST para a região estão em resgatar os sonhos dos nossos lutadores que antecederam o movimento e ter a humildade de reconhecer a existência dessas organizações que já existiam aqui. Após a vinda do movimento, foi possível aglutinar na luta coletiva, na organização, a ocupação de terra de forma coletiva. Essa resistência pede pela Reforma Agrária e luta por uma sociedade nova”, explica a militante camponesa.

Durante a o balanço do MST no RN, Fátima trouxe momentos que marcaram a luta do movimento no estado, como a vinda de lideranças de diversas regiões do Brasil para fortalecer luta Sem Terra em solo potiguar, as primeiras ocupações realizadas, o apoio e solidariedade de classe das outras organizações camponesas para com o MST, a expansão do movimento para as regiões litorâneas e canavieiras, a criação da Cooperativa Regional de Mato Grande, entre outros progressos, frutos do trabalho de base desenvolvido pelo movimento no estado.

 

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Dando encerramento à sua reflexão, a companheira apresentou os oito desafios a serem traçados para que a luta do MSTY siga com vigor. São eles: a retomada do trabalho de base com as famílias sem terra; o pensar constante sobre o método de direção e de relações da organização; a formação militante, a partir do exercício de ação e consciência; a articulação entre o campo e a cidade através da Frente Brasil Popular; a continuidade da luta de massas, permanente e organizada, tendo compromisso com o conhecimento e o estudo; a segurança do movimento; o fortalecimento da comunicação e as finanças da organização.

Ao final da mesa de debate, foi prestada homenagem à família de Chico Santana, em memória ao companheiro falecido que batiza o nome da plenária, por sua contribuição valorosa à luta Sem Terra no estado. As atividades do Circuito Cultural e Feira da Reforma Agrária terminaram no domingo (17), com apresentações culturais e momentos de confraternização pela luta e resistência do povo camponês.

 

*Editado por Leonardo Fernandes