“Sim, eu posso!” tem aulas iniciadas no Maranhão

Mais de 15 mil educandos já estão em salas de aula num massivo mutirão de alfabetização

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Por Reynaldo Costa
Da Página do MST

 

A etapa de aulas da segunda fase da Jornada de Alfabetização no Maranhão teve inicio em todos os 15 municípios abrangidos. Jovens e adultos de diversas idades matriculados no programa “Sim, Eu Posso!” já estão em salas de aulas.

Os educandos são ribeirinhos, lavradores, quebradeiras de coco, indígenas e trabalhadores urbanos de diversas categorias.

Já são mais de 15 mil educandos, de um total de quase 19 mil já matriculados, em salas de aulas. Há municípios, como Santana do Maranhão, no nordeste do Estado, onde quase todas as turmas já estão funcionando, 87 turmas já estão em funcionamento e apenas 07 ainda vão iniciar.

Em Itaipava do Grajau, centro do estado, só falta começar as aulas em 06 das 137 turmas. 

Em todos os municípios mais de 50% da turmas já estão com as aulas iniciadas. As turmas que ainda não tiveram inicio, em sua grande maioria, ainda passam pelos processos legais de contratação de coordenadores e aguardam a entrega de materiais pedagógicos.

Uma situação esperada, já que quase todos os municípios tiveram turmas acima do planejado inicialmente, o que acarretou na necessidade de convocação de mais profissionais. 

Nos locais que tiveram inicio as aulas, sobram exemplos e a palavra de ordem tem sido “sempre é tempo de aprender”. Um dos destaques, no inicio de jornada, vem do município Santa Filomena, onde Dona Geni Rodrigues (78 anos) e Miguel da Conceição (84), estão de volta à sala de aula após 50 anos.

Casados há 62 anos, os dois são o símbolo da turma da comunidade Faveira, Zona Rural da cidade. A força e a alegria de estarem tendo a oportunidade de estudar novamente têm motivados vários outros educando na comunidade e no Município onde 55 turmas já estão em funcionamento.

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A vontade de aprender a ler e escrever aparece nos esforços de cada educando. Em Belágua, Nordeste do estado, o educando Alcebíades Marinho de Sousa (90), percorre a cavalo quase três quilômetros à noite para conseguir estudar.

Esforços como esses são grandiosos e comuns. O povo vai estudar, seja de cavalo, de moto, de bicicleta ou mesmo à pé. 

Solidariedade

Muitos esforços para inicialização das aulas vieram de todos os lados, desde o Governo do Estado ao Movimento Sem Terra, que é o responsável pedagogicamente pelo projeto. Os esforços também têm vindo dos próprios educandos e educadores que a partir de varias ações ajudam a concretizar a Jornada.

Na Aldeia Canaã, terra indígena Canabrava, em Jenipapo dos Vieiras, região central do estado, uma educadora comprou fios e lâmpadas para garantir energia no local que está recebendo as aulas.

Em São João do Carú, região Oeste do estado, educadores se uniram para ampliar e melhorar a sala de aula de uma das comunidades que recebe o projeto.

Em Aldeias Altas, Nordeste do estado, alfabetizadores se uniram e juntos vão montando as salas de aulas, com quadros e cadeiras que os mesmos vão adquirindo nas comunidades.

Um exemplo de força e coragem por parte dos alfabetizadores, vem também de São João do Carú, onde a educadora Francilde Bispo se desloca 12 quilômetros de moto durante a noite do povoado Santarém para a sede do município todas as noites para lecionar. Quando fica muito tarde para voltar, por questão de segurança, ela e a mãe, que é coordenadora de turma, chegam a dormir na casa do Programa “Sim, eu posso!”, na sede do Município.

Quatro meses de intensos trabalhos

Desde o final de maio, a segunda fases da Jornada de Alfabetização no Maranhão se matem em ritmo intensos de trabalhos. Foram quatro meses de mobilização e contato corpo a corpo com as quase 19 mil pessoas matriculadas, uma ação que envolveu mais de 80 militantes do MST.

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“A etapa de mobilização se constituiu em um momento de engajamento da juventude Sem Terra na jornada de alfabetização para consolidação das matrículas”, aponta Simone Silva, da Coordenação Pedagógica da Jornada. Ela também diz ter sido um período onde o MST acumulou muito sobre o conhecimento da realidade dos mais pobres do Maranhão.

Durante o período também se realizou as grandes jornadas de capacitação de educadores e coordenadores de turma. Mais de 1500 pessoas passaram pelas capacitações que aconteceram simultaneamente em 15 municípios.  

Aos finais das capacitações todos os municípios realizaram grandes atos e encontros pelo enfrentamento aos analfabetismos no Maranhão. Foram eventos com artistas populares, muitas brincadeiras e participação de autoridades e da população geral.

Outras ações desenvolvidas foram as aulas inaugurais, eventos de apresentação da Jornada de Alfabetização às comunidades abrangidas pelo programa.

Hoje, os apontamentos da Coordenação Pedagógica do “Sim, eu posso!” são de que 1.026 educadores já estão com os ambientes de aulas organizados, o material distribuído e todos com muita esperança de fazerem desta a maior jornada de alfabetização em resultados alcançados.

Enfim, chega se às primeiras aulas, mas, para que os objetivos da jornada sejam atingidos é preciso que as demandas cheguem por inteiro. Nas próximas semanas mais educadoras devem ser contratados e os educandos terão o processo de consultas de visão concluídas para aqueles que tenham necessidades acessarem os óculos.

A etapa de aulas da Jornada de Alfabetização no Maranhão durará quatro meses, na qual é aplicado o método de alfabetização “Sim, eu posso!”. E posteriormente haverá mais quatro meses que são os Círculos de Culturas, espaço para aprofundar a escrita e a leitura a partir da realidade de cada comunidade.

 

 

*Editado por Rafael Soriano