Ocupação em Goiás da início à Jornada Nacional em Defesa da Reforma Agrária

Cerca de 300 famílias Sem Terra ocuparam um latifúndio improdutivo em Cocalzinho, na madrugada deste domingo (15)

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Da Página do MST
Foto de capa: Raul Spinassé

 

Cerca de 300 famílias do MST ocuparam um latifúndio improdutivo no município goiano de Cocalzinho. A ação ocorreu na madrugada deste domingo (15), e faz parte da Jornada Nacional do Campo em Defesa da Reforma Agrária, que busca denunciar a retirada de direitos dos trabalhadores do campo e exige a recomposição do orçamento destinado para a Reforma Agrária e para a Agricultura Familiar e Camponesa.

Em nota, os trabalhadores e trabalhadoras rurais Sem Terra do estado de Goiás denunciam o processo de criminalização da luta pela terra, aprofundado com o golpe de 2016, e exigem do governo estadual &”39;sob comando de Marconi Perillo, que se some nos esforços de encontrar reais soluções para este que é um conflito social&”39;. A  nota ainda alerta que &”39;a utilização das forças policiais em nada resolverá o conflito agrário na região&”39;. 

Leia abaixo a íntegra da nota do MST sobre ocupação do MST em Cocalzinho de Goiás:

Na madrugada deste domingo, 15 de outubro, cerca de 300 famílias vinculadas ao MST em Goiás ocuparam mais um latifúndio improdutivo no estado, localizado no município de Cocalzinho. O imóvel é a Fazenda Rasgão, com aproximadamente de 2 mil hectares, abandonada a mais de 10 anos.

A área está inserida no plano de aquisição de terras que o INCRA nacional apresentou ainda em 2015 às 3 mil famílias então acampadas na fazenda Santa Mônica, no município de Corumbá, de propriedade do senador Eunício Oliveira, atual presidente do Senado. A fazenda Santa Monica possui mais de 20 mil hectares, a grande maioria fruto da grilagem e da expropriação de camponeses da região. Denúncias de trabalhadores, ex-funcionários e das comunidades vizinhas deixam claro que o dinheiro usado pelo senador para comprar terras e construir várias estruturas de lazer na fazenda são fruto de corrupção que vem desde o início da década de 1990. Nos anos 2000 as compras de terra e a pressão sobre os camponeses da região aumentaram, justamente no mesmo período em que o senador assumiu a tesouraria do PMDB.

Além da desapropriação da fazenda Santa Monica, exigimos a retomada do Plano Corumbá, com o pagamento das áreas que, por meio de comodato, já possuem famílias acampadas, como a situação do complexo Vale Verde, em Formosa, onde estão mais de 400 famílias, e com a retomada das desapropriações e aquisições de terras já levantadas anteriormente, como o caso da Fazenda Rasgão.

Diante o processo de criminalização da luta pela terra, que se aprofundou no ano de 2016 com a perseguição e prisão de militantes do MST em Goiás, exigimos que o governo estadual, sob comando de Marconi Perillo, se some nos esforços de encontrar reais soluções para este que é um conflito social. A utilização das forças policiais em nada resolverá o conflito agrário na região, como já viemos afirmando por diversas vezes.

A ocupação de hoje dá inicio à Jornada Nacional do Campo em Defesa da Reforma Agrária, a qual denuncia a retirada de direitos dos trabalhadores do campo e exige a recomposição do orçamento destinado para a Reforma Agrária e para a Agricultura Familiar e Camponesa.

Neste sentido, reafirmamos nosso compromisso com a classe trabalhadora de continuar mobilizando nossas famílias para enfrentar os desmandos desse Governo Federal e Congresso Nacional, que estão implementando um brutal retrocesso nas conquistas sociais garantidas pela Constituição Federal. Somos convictos de que a Reforma Agrária é um dos caminhos para a geração da renda, para um projeto de qualidade de vida e de um novo modelo agrícola que garante a produção de alimentos saudáveis para o povo brasileiro.

Lutar, Construir Reforma Agrária Popular

Cocalzinho de Goiás, 15 de outubro de 2017

 

*Editado por Leonardo Fernandes