Famílias despejadas ficam sem ter pra onde ir e fazendeiro destrói produção dos camponeses

Despejo destrói o trabalho das 180 famílias que moravam no Acampamento Marcelino Chiarello, em SC.

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Por Juliana Adriano
Da Página do MST

 

Ainda na terça-feira (27), as famílias acordavam em seus barracos, tomavam seu chimarrão e iam cuidar dos animais e das plantas. Nesta quarta-feira (28) amanheceram com tropa de choque, cavalaria e demais militares anunciando que saíssem do acampamento, pois destruiriam tudo. Agora acordam no ginásio de esportes do município de Faxinal dos Guedes/SC, rodeados pelo que restou de suas coisas.

As famílias alojadas temporariamente no ginásio não tem para onde ir. Foi realizada audiência sobre a área e reunião com a prefeitura sobre o alojamento e o acesso aos serviços básico. O prefeito afirmou à rádio municipal que a Prefeitura receberá as famílias por 15 dias, “depois a responsabilidade é do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra)”. Nesta sexta-feira (01), às 15h, será realizado ato de solidariedade as famílias no centro de Faxinal dos Guedes.

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As famílias foram despejadas, tiveram suas casas destruídas, perderam parte de seus pertences, animais morreram durante o despejo, muitos ficaram pra trás, a produção pra auto-consumo foi perdida. A polícia pressionou muito as famílias para que saíssem rápido, avisando que a destruição aconteceria com elas tendo retirado as coisas ou não.

A informação é de que o fazendeiro Prezzotto que reivindica a área passou agrotóxico para matar a produção das famílias e já iniciou o plantio na área. Desse modo as famílias não terão a possibilidade de colher o que plantaram. As famílias reivindicam justiça.

Eliana, que até então morava na área do Incra, onde o acampamento se localizava, relata: “antes eu pagava aluguel e não conseguia comprar uma casa. Investi meu seguro desemprego na lavoura e nos bichos. Eram mais de 100 galinhas, além de porcos e cabras. Quando as meninas tinham fome era só matar uma galinha, era uma forma de poupança”. Ela esperava a colheita da lavoura pra pagar as dívidas. Perdeu a lavoura e não conseguiu salvar todos os animais. Sobraram as dívidas do investimento na lavoura.

As famílias foram despejadas por liminar da juíza federal Heloísa Menegotto Prozenato, de Chapecó, sem ter a oportunidade de manifestação da parte ré, ou seja, do Movimento Sem Terra. Assim, as famílias tiveram suas casas e produção destruídas mesmo antes do processo possuir sentença final.

Até o presente momento a justiça afirma que a área é do Incra, mas Prezzotto havia tomado posse. Assim, para retomar a área o Incra precisaria avaliar as benfeitorias da área e ressarcir as mesmas ao posseiro. Por outro lado, as famílias Sem Terra ocupavam a área de mais de 1.000 hectares há um ano e meio, reivindicando as mesmas para fins de Reforma Agrária.

 

 

*Editado por Rafael Soriano