MST reúne dezenas de amigos e amigas em Encontro Anual

Evento contou com a presença de políticos, professores e integrantes de movimentos populares.

IMG_9612.jpg

Por Rute Pina
Da Página do MST
Fotos: Luara dal Chiavon

“Se alguém tinha alguma dúvida, agora está mais do que claro: a Reforma Agrária do Brasil não é só uma luta dos camponeses. É parte essencial da luta de classes, contra a ofensiva do capital estrangeiro”, disse dirigente nacional do MST, João Pedro Stedile.

A fala do militante foi feita neste sábado (16), durante o Encontro Anual de Amigas e Amigos do MST, na Escola Nacional Florestan Fernandes (ENFF), em Guararema, interior de São Paulo.

IMG_9607.jpg

Em uma breve análise de conjuntura nacional, Stedile lembrou das conquistas do Movimento neste ano, e da importância dos amigos do Movimento para esses ganhos. “Em 2017, conseguimos retomar a iniciativa popular, como a greve do dia 28 de abril. Nós devemos ter a marcado por tempo indeterminado, com aquele nível de adesão derrubaríamos o [presidente golpista] Temer. Mas foi uma vitória.”

O evento reuniu cerca de 200 apoiadores do MST, entre eles, integrantes de outros movimentos populares, professores e políticos. Em 2017, a ENFF recebeu mais de 700 estudantes, sendo 250 estrangeiros, de mais de 30 países. Foram realizados nove cursos de formação.

Neste ano, a Associação Amigos da ENFF alcançou 300 colaboradores mensais solidários.

Amigos

Rosângela Maria Pires, professora de Língua Portuguesa da Escola Estadual Dr. Roberto Feijó em Guararema, é moradora da cidade e acompanha a ENFF desde o início do projeto, em 2005. Neste sábado, ela estava presente no encontro.

“Acho fundamental a ENFF para o bairro, porque os governos de Guararema são bem conservadores e tradicionais. Acho o evento dos amigos do MST muito importante, fico emocionada. Agora que estou me aposentando, queria me dedicar mais à escola, fazer algum trabalho aqui.”

O deputado federal Nilton Tatto (PT-SP), que também compareceu ao evento, afirmou que o Movimento é fonte de inspiração para os enfrentamentos contra a bancada ruralista no Congresso Nacional.

IMG_9558.jpg

“Eu bebo muito das ideias do MST no meu dia a dia no Congresso Nacional. Queria agradecer ao MST por manter viva a esperança de a gente ter uma agricultura que leva em consideração a vida, não só da nossa espécie, mas da biodiversidade como um todo”, afirmou o deputado.

Além de Tatto, outros parlamentares petistas estiveram no encontro, como os petistas Carlos Zarattini (SP), deputado federal; Paulo Teixeira, deputado estadual e a vereadora de São Paulo Juliana Cardoso.

Representantes do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), do Levante Popular da Juventude, da Consulta Popular e da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) também marcaram presença no evento.

Assim como apoiadores de longa data, a atividade também reuniu pessoas que foram à ENFF pela primeira vez. Esse é o caso de Henrique Mantovaneli Carneiro, professor da Rede Pública Estadual, e Kelli Mantovaneli Carneiro, professora de ciências. Ambos são militantes do núcleo Carlos Marighella do MST, na região do ABC.

Ela diz que ficou impressionada com a estrutura da escola. “A estrutura é muito interessante, a iluminação, as janelas, fomos ver os alojamentos e vimos que é tudo feito com painéis solares. Essa questão com a ecologia e com a eletricidade. Estou encantada”, disse a professora.

Já Henrique reforça a importância dos espaços de formação. Para ele, é fundamental para a o desenvolvimento da consciência crítica e do protagonismo dos processos de formação social. A escola recebe estudantes de todo o mundo, como países da África e América Latina.

“Outra questão interessante é o caráter internacionalista do espaço e dos cursos, porque as demandas da classe trabalhadora e dos movimentos são demandas que perpassam os países, os continentes, são questões estruturais que fazem parte de todo um processo”, afirmou.

O cônsul adjunto da Venezuela em São Paulo, Robert Torrealba, um dos nomes internacionais que compareceram ao encontro, pontuou a importância da escola como local estratégico para uma aliança entre a militância da América Latina.

“Assim como os movimentos populares no Brasil, a América Latina em geral está passando por um processo que exige profunda reflexão para encarar um futuro que se mostra muito sombrio. A ENFF é uma referência na América Latina e no mundo, recebem estudantes de todos os continentes”, disse.

*Editado por Rafael Soriano