Nós que amamos a revolução, resistiremos!

Setor de Gênero do MST faz um balanço de 2017 e convoca todas as mulheres a seguirem firmes na luta.

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Por Setor de Gênero do MST

 

O ano de 2017 foi um ano difícil para a classe trabalhadora do Brasil e do mundo. No Brasil, após o golpe de 2016, intensificou-se o ataque aos direitos já conquistados. Nesse processo, a perda de direito das mulheres esteve combinada com aumento do índice de violência contra seus corpos e ameaça às suas vidas.

Nesse ano, no qual a Revolução Russa completou seu centenário, irmanadas com os movimento de mulheres que ascenderam mundo afora, estivemos organizadas em todos os rincões do país, no campo e na cidade, vigilantes contra o capital e o patriarcado, resistindo contra o governo golpista e suas medidas.

Na jornada do 8 de Março, Dia Internacional da Luta das Mulheres, sob o grito &”39;estamos todas despertas, contra o capital e o agronegócio nenhum direito a menos&”39;, milhares de mulheres Sem Terra ocuparam prédios públicos, marcharam, ocuparam latifúndios nas cinco regiões do Brasil denunciando o avanço do capital no campo, as mineradoras, o hidro e o agronegócio, contra o governo golpista e as &”39;PECs da Morte&”39;.

Sob ameaça constante, com o aumento brutal da violência no campo, resistimos. Nos dedicamos ao estudo, nos cursos e seminários, nas Universidades e nas nossas Escolas de Formação Política, dentre eles, o Seminário Marxismo e Feminismo em todas as regiões do país. 

Nos organizamos e revisamos nossas linhas políticas do Setor de Gênero com o intuito de dar conta dos avanços advindos do quotidiano das nossas lutas, com debates importantes sobre os nosso direitos reprodutivos e sobre as pautas dos sujeitos LGBTs. Ao passo que provocamos nossos companheiros a se reunirem e debaterem sobre as relações entre os gêneros organizando as  “Noites Antipatriarcais” e as  “Assembleias dos Homens”.

Tendo em vista o modelo de produção que o povo Sem Terra está construindo dentro do Projeto da Reforma Agrária Popular, nos dedicamos ao debate sobre o papel da mulher na produção agroecológica e afirmamos que &”39;sem feminismo não há agroecologia&”39;!

No dia 25 de novembro, Dia Internacional de Luta pelo Fim da Violência contra a Mulher, contra a cultura do estupro, incentivada por ações de Estado como no caso da PEC 181, as mulheres do MST ocuparam uma fazenda em Avaré (SP), ligada ao ex-médico Roger Abdelmassih, condenado por estupro de cerca de 40 mulheres, e exigimos: &”39;Reforma Agrária na terra de estuprador&”39;!
 

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Nós, mulheres Sem Terra que “Amamos a Revolução”, seguiremos resistindo na luta pelo direito à terra e por uma política de Reforma Agrária; contra o machismo e a violência contra as mulheres e LGBTs, estaremos sempre prontas para as próximas batalhas. Pois entendemos que, &”39;quem não se movimenta não sente as correntes que o prende&”39;!

Muitos Marços de luta virão, até que todas sejamos livres!

 

*Editado por Leonardo Fernandes