Julgamento de Lula: Sem Terra debatem momento político e preparam mobilizações em Porto Alegre

Milhares de camponeses e camponesas estarão na Capital gaúcha na próxima semana para acompanhar o julgamento do ex-presidente pelo TRF4
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Fotos: Catiana de Medeiros 

 

Por Catiana de Medeiros 
Da Página do MST

O MST do Rio Grande do Sul começou o ano de 2018 com a intensificação do trabalho de base em mais de 300 assentamentos e em sete acampamentos localizados no território gaúcho. A iniciativa tem o intuito de fazer estudos sobre a atual conjuntura política do Brasil e discutir a participação dos camponeses e das camponesas de todas as regiões nas mobilizações da próxima semana, quando ocorre o julgamento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4), em Porto Alegre.

Nesta terça-feira (16), a região Metropolitana de Porto Alegre realizou uma plenária no Assentamento Integração Gaúcha, localizado em Eldorado do Sul, com a presença de mais de 100 militantes Sem Terra e coordenadores locais. O deputado federal Dionilso Marcon (PT) participou da atividade, ocasião em que relatou as movimentações políticas de Brasília. Ele ressaltou o acirramento da luta de classes no Brasil e as consequências do projeto de conciliação que os governos petistas apostaram em seus 13 anos de gestão. Marcon lembrou que crises foram orquestradas pela grande mídia e culminaram no impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, através de um golpe, na entrega dos recursos naturais e de estatais para o capital internacional e na retirada de direitos dos trabalhadores. Entre as medidas mais perversas do governo de Michel Temer (MDB), destacou, é a reforma da Previdência.

“Serão 180 meses de contribuição para os camponeses se aposentarem. Essa é a pior reforma que está lá na Comissão Especial da Câmara dos Deputados para ser aprovada. E estão dizendo que no dia 19 de fevereiro ela entrará em pauta. Temos que derrotar esse projeto golpista, porque essa reforma não dá para desejar nem aos piores inimigos. Quanto ao julgamento de Lula, este será puramente político” explicou.

O dirigente estadual do MST, Cedenir de Oliveira, reforçou o debate sobre o período histórico que está sendo enfrentado pelos trabalhadores e as mobilizações previstas para os próximos dias. Conforme o assentado, nos últimos anos houve uma série de tentativas da direita de acabar com a imagem de Lula, que se tornou o principal símbolo da luta política do país. “Mas eles não contavam com essa reserva moral e política que o Lula tem. Independente do resultado do julgamento do dia 24, a decisão coletiva das organizações é de que Lula será candidato”, complementou Oliveira. Ele enfatizou que a perseguição contra o ex-presidente resultou em mais iniciativas de apoio por parte da população, especialmente ao direito dele ser candidato na eleição de 2018. “Será um ano emblemático, que vai definir muitas coisas da luta geral”, disse.

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De acordo com a agricultora Juraci Lima, do Assentamento Itapuí, em Nova Santa Rita, todos os trabalhadores do campo e da cidade do país estão convocados a se mobilizarem para defender a democracia e o direito de Lula ser candidato. “Desde o início de janeiro estamos nos preparando para o dia 24. Nossa tarefa, enquanto militantes das causas do povo, é ajudar a articular as comunidades, independente de seus partidos, credos ou religiões, porque o que está em jogo é o futuro e a vida de cada um de nós”, concluiu.

Oliveira comentou ainda que as mobilizações dos movimentos do campo em Porto Alegre começam antes do julgamento e que, na semana que vem, a Via Campesina deve chegar em marcha na cidade. Também será montado um acampamento e realizada uma vigília com a participação de milhares de pessoas da região Sul do país. Quanto ao caráter das atividades, Oliveira argumentou que todas as mobilizações do MST sempre foram pacíficas e que desta vez não será diferente. “Só houve violência quando o Estado esteve determinado a nos atacar. Assim foi quando assassinaram o companheiro Elton Brum da Silva, assim foi também na Praça da Matriz”, finalizou. 

 

*Editado por Maura Silva