Sem Terra reocupam área improdutiva no Espírito Santo

A primeira ocupação aconteceu no dia 27 de outubro de 2016, data do aniversário do MST no estado
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Imagem do acampamento Fidel Castro /Divulgação
 
Por Mariana Motta
Da Página do MST 

 

Na manhã desta segunda-feira (5) cerca de 200 famílias Sem Terra ocuparam pela segunda vez a fazenda Itaúnas, localizada no extremo norte do Espírito Santo.

A área com 200 hectares é reivindicada pela agropecuária Aliança S/A (Apal), ex-produtora de cana de açúcar no distrito de Braço do Rio, em Conceição da Barra, norte do estado. A região, aliás, tem uma das maiores concentrações de terras do estado. 

Histórico

A primeira ocupação aconteceu no dia 27 de outubro de 2016, data do aniversário do MST no estado. Na ocasião foi construído o acampamento Fidel Castro e, depois de algumas semanas, onde havia um canavial abandonado, mais de 50 hectares de lavouras de feijão, aipim, hortaliças e outros itens de subsistência fruto do trabalho das famílias acampadas estavam em plena produção.

No dia 11 de julho de 2017 o acampamento Fidel Castro sofreu um brutal despejo. Os trabalhadores que transformaram um canavial abandonado em 50 hectares de produção saudável de alimentos viram suas casas e lavouras serem destruídas por tratores e pela tropa de choque.

Para Ângelo Souza da direção estadual do MST: é muito importante o Movimento lutar e reocupar essa área que é improdutiva e que não cumpre o seu papel social como prevê a constituição federal de 1998. “A luta por Reforma Agrária se faz urgente e necessária para garantir dignidade para a classe trabalhadora do campo e da cidade” afirma o dirigente.

Grande parte dos trabalhadores do acampamento Fidel Castro eram funcionários da empresa (Disa) que não receberam os direitos trabalhistas. Segundo o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) de 2013, apenas 3% dos 923 imóveis rurais são responsáveis por 54% das áreas agricultáveis do município de
Conceição da Barra. 

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Imagem do acampamento Fidel Castro /Divulgação

Concentração da terra e renda, a causa da pobreza e da violência

No município de Conceição da Barra, a concentração da terra e o modelo do agronegócio são tão violentos quanto o aparato do Estado utilizado para expulsar as famílias acampadas na área da falida Destilaria Itaúnas S/A (DISA) e da Agropecuária Aliança S/A (APAL).

O problema se aprofunda quando se constata que a maioria das grandes áreas agricultáveis estão ocupadas com eucalipto, cana de açúcar e pastagem; atividades agropecuárias que não geram postos de trabalho no campo, utiliza altos índices de agrotóxico e não movimenta a economia local e ainda gera o aumento da violência e pobreza.

Reforma Agrária bloqueada 

O bloqueia a reforma agrária através da aprovação da Medida Provisória 759 que trata da privatização das terras brasileira, está sendo realizada na esfera política, jurídica, financeira, policial e midiática, em favorecimento ao avanço do agronegócio. Outras medidas complementam esse cenário: estrangeirização das terras, mudanças na legislação do uso de agrotóxico, transgênico, mudança no código florestal e a criminalização dos movimentos sociais no campo.