Ruralistas tentam atropelar Anvisa e cancelar o banimento do Paraquat

Proposta de Decreto Legislativo do deputado Luis Carlos Heinze (PP-RS) cancela resolução que decretou o banimento do agrotóxico Paraquat, causador do Mal de Parkinson.

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Da Campanha Permanente contra os Agrotóxicos e pela Vida*

 

Em 19 de setembro de 2017, a Anvisa decretou, após 10 anos de reavaliação, que o ingrediente ativo Paraquat deveria ser banido do país. A agência tomou a decisão após muita pressão da sociedade civil brasileira e também da Europa, onde a substância já é banida desde 2007.

Mesmo assim, a decisão foi bastante generosa com a indústria: o Paraquat só será definitivamente banido daqui a três anos. Até lá, ficou aberta a possibilidade de novos estudos provarem que o Paraquat não causa Mal de Parkinson, fibrose pulmonar ou as graves intoxicações agudas já demonstradas.

Parece que a generosidade da Anvisa não foi suficiente para acalmar a avidez tóxica da Bancada Ruralista. Uma das suas maiores lideranças, o deputado Luis Carlos Heinze (PP-RS), apresentou em 24 de outubro um Projeto de Decreto Legislativo para sustar a decisão da Anvisa, cancelando assim o banimento do Paraquat.

O Projeto de Decreto Legislativo passará ainda pelas comissões de Seguridade Social e Família; e de Constituição e Justiça e de Cidadania, antes de ir ao Plenário.

Além de ser uma interferência grave do Legislativo em uma decisão que compete apenas à Anvisa (órgão do Executivo) o projeto reforça a tese de que o agronegócio é altamente dependente de agrotóxicos extremamente tóxicos, como é o caso do Paraquat.

Heinze declarou à Agência Câmara Notícias que o Paraquat é “uma das ferramentas mais importantes para o cultivo de várias das principais culturas nacionais”. Estas culturas, como a soja, são voltadas majoritariamente para exportação, e não chegam ao prato de comida da população. Em algumas situações, o Brasil tem sido obrigado inclusive a importar alimentos.

O Paraquat é proibido na União Europeia, Noruega, Bósnia-Herzegovina, Kuwait, Malasia, Camboja, Laos, Emirados Árabes, Síria, Coreia do Sul, China (nesta, é produzido para exportação), El Salvador e em 10 países da África.

Na Grã-Bretanha, a produção de Paraquate também ocorre, mesmo com a proibição de se usar o veneno naqueles países. Desde 2009, as vendas do Paraquat aumentarem mais de 3 vezes no Brasil.

 

 

* Com informações da Agência Câmara Notícias
**Editado por Rafael Soriano