“Somos nós as filhas e os filhos dos que lutam, e somos continuadores dessa luta!”

No 1º Encontro de comunicação, cultura e juventude da Regional de Iaras, a juventude do MST reafirma seu compromisso com a luta pela transformação social e se prepara para o encontro nacional da juventude Sem Terra.

 

 

Por Coletivo de Comunicação MST – SP
Da Página do MST

Em tom de alegria e disposição, teve início no último sábado (10) o 1º Encontro de Comunicação, Cultura e Juventude da Regional de Iaras, que reuniu na Escola de Educação Popular Rosa Luxemburgo 19 jovens entre 14 e 29 anos, para celebrar, dialogar, debater e compartilhar experiências de organização da juventude na Reforma Agrária Popular.

Lisbet Julca, militante do MST na região de Iaras, afirma que “a necessidade de partilharmos questões de preocupações comuns, faz refletir a necessidade de nos encontrar, nos conhecer e nos organizar em todas as dimensões que fazem parte do movimento”, a atividade contribuiu para o avanço da unidade da juventude na regional e para o fortalecimento de identidades e raízes, assim como na preparação para o 1º Encontro Nacional da Juventude Sem Terra.

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1º Encontro de Comunicação, Cultura e Juventude da Regional de Iaras/Foto: Lisbet Julca

 

Também segundo Julca, “durante os dias de encontro foram constituídos espaços coletivos de debates entorno do processo histórico de luta do MST, sobre a conformação do setor de Comunicação, Cultura e Juventude em nossa organização, e os desafios a respeito da juventude na conjuntura atual brasileira”.

O encontro se estendeu também pelo domingo (11), contou com representações de 8 acampamentos e assentamentos e foi o primeiro realizado na região a fazer discussões e estudos dos setores de comunicação, cultura e juventude conjuntamente. Com isso, o objetivo dos e das jovens é acumular forças para o enfrentamento às agendas ultraneoliberais impostas após o golpe, constituindo setores tidos como estratégicos para a disputa ideológica, e em consonância com as dimensões estaduais e nacionais do movimento.

Neste sentido, foi debatida a lei 13.465/17 que trata da titulação dos assentamentos, compreendendo que “[a lei] compromete a segurança das famílias a terem um espaço de moradia, de produção de alimentos, e porque ser proprietário da terra não garante condições concretas de viver dignamente”, ameaçando a permanência da juventude no campo e colocando-os como sujeitos na luta contra essa política.

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Juventude discute a lei de titulação dos assentamentos

Embora em um contexto político bastante desfavorável, a atividade reafirmou o compromisso da juventude da regional com todas e todos aqueles que lutam ao redor do mundo, “nos jovens não só podemos como devemos contribuir com a luta e mostrando nossa rebeldia como essência e para isso é uma necessidade nos informar e criar mais espaços como estes para compartilhar este tipo de questões que também nos afetam, porque não queremos sair do campo, queremos melhores condições para construir nossas vidas na terra conquistada com muita luta!”, conclui Julca.

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Foto: Divulgação CCJ – Iaras

 

Leia abaixo o Manifesto construído como síntese do encontro:

Manifesto da Juventude de Iaras no I Encontro Regional da Comunicação, Cultura e Juventude do MST

Domingo 11 de fevereiro de 2018

 

Durante os dias 10 e 11 de fevereiro, nós da juventude da Regional de Iaras estivemos reunidos no 1° Encontro da Comunicação, Cultura e Juventude, na Escola de Educação Popular Rosa Luxemburgo, localizada no assentamento Rosa Luxemburgo, no município de Agudos, no Estado de São Paulo. Nestes dois dias tivemos espaços de compartilhamento de experiências e de reflexão a respeito de nosso papel como jovens na conjuntura atual brasileira. 

Para dar sentido concreto em direção a unidade política da juventude, nos que moramos nas oito áreas que compõem a regional (acampamentos e assentamentos), entendemos em primeiro momento que é necessário fomentar mais espaços de formação política que constituam a unidade de nossas áreas, e de nós colocarmos como sujeitos ativos e continuadores da luta pela Reforma Agrária e a transformação social desde nossos lugares em comum aos objetivos da nossa organização. 

Compreendemos que a expansão e a intensificação do capital afetam a vida da juventude, e que somos também alvo de informações constantes que na sua maioria apostam pela nossa individualização sob a lógica da cultura do consumo. Compreendemos acima de tudo que temos que nos colocar desafios de unidade regional articuladas as outras dimensões organizativas do movimento. A nosso ver, precisamos nos colocar em unidade que confronte as ações continuas do governo golpista de Temer contra a classe trabalhadora, e que afetam a possibilidade de constituirmos como sujeitos continuadores pela Reforma Agrária e a transformação social.  

Neste primeiro encontro da Juventude Regional queremos reafirmar nosso compromisso como filhas e filhos das famílias acampadas e assentadas, que sonham com “um pedaço de chão” e por melhores condições de qualidade de vida. Entendemos que as decisões políticas a respeito da titulação dos lotes promovidas pela Lei 13456/17, desestabiliza nossa continuidade no campo e nossa perspectiva de qualidade de vida, e por isso repudiamos as continuas ações pela titulação das terras que foram conquistadas como direito de concessão de uso. 

Realçamos que neste primeiro encontro a aproximação à cultura da nossa organização, que estamos a construir como seres humanos e como sujeitos para transformação social de nossos territórios mediante a educação do campo, a formação técnica, formação política e formação profissional. Por fim, queremos manifestar que este primeiro encontro da juventude fortalece a integração de nós jovens da regional em unidade a juventude que luta no Brasil e no mundo.

 

 

*Editado por Maura Silva