Produção agroecológica avança na região Centro do Paraná

No acampamento, as famílias organizaram um grupo de produção agroecológica e transformam a luta pela terra em algo fascinante.

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Por Jaine Amorin
Da Página do MST

 

Em meio ao deserto verde de eucaliptos e pinos da Araupel, que não alimenta e nem gera renda a população, o acampamento Dom Tomás Balduíno, organizado pelo MST em Quedas do Iguaçu, região centro do Paraná, vem produzindo alimentos orgânicos e gerando renda às famílias acampadas.

No acampamento, as famílias organizaram um grupo de produção agroecológica e transformam a luta pela terra em algo fascinante. O grupo vem crescendo e quebrando a lógica da produção de monocultura, com 36 famílias que se reúnem mensalmente para definições internas, de plantio, comercialização, mas também de forma extraordinária, sempre que se faz necessário.

Nesse mês de fevereiro, o grupo completa um ano de organização, produzindo em mais de 22 alqueires certificados pela Rede Ecovida. A área foi escolhida estrategicamente para o plantio agroecológico, onde é produzida uma grande diversidade de alimentos e variedades. Entre as espécies, só de feijão, estão sendo cultivadas mais de 32 variedades, além da produção de milho, arroz, amendoim, batata, girassol, ervilha, abóbora, mandioca, hortaliças em geral, entre outros.

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Para garantir a qualidade dos alimentos orgânicos e defendê-los dos inimigos naturais, sem prejudicar a fauna e a flora, o grupo tem uma sala especifica para o preparo de caldas orgânicas.  Essas caldas têm funções variadas, contra doenças causadas por fungos e bactérias, mas também de afastar insetos que prejudicam o desenvolvimento da planta e de seus frutos.

O grupo também recebe apoio do Centro de Desenvolvimento Sustentável e Capacitação em Agroecologia (Ceagro), para assistência técnica, acompanhando desde o plantio até a comercialização dos mesmos. A assistência técnica fornecida pelo Ceagro conta com oficinas de manejo dos plantios, preparo de caldas orgânicas e outros. O grupo também conta com o Calendário Biodinâmico, que contém as informações sobre os melhores dias para fazer o manejo das diferentes espécies cultivadas.

A comercialização dos alimentos, que ainda é um grande desafio para os agricultores, atualmente é feita através de feiras, mas também já é levada pra outras regiões para ser comercializado pelo núcleo Luta Camponesa.

Para Itacir Gonçalves, acampado e integrante do grupo Agroecológico Produzindo Vidas, podemos sentir o quanto é importante estar organizado em grupo. “Pra mim, fazer parte desse grupo é fazer parte de uma formação técnica política a céu aberto, pois sempre estamos aprendendo, seja no plantio, nas conversas informais ou nas reuniões. Debatemos, para além do nosso plantio, questões políticas, técnicas e também sobre como será no assentamento”, relata o camponês. 

O objetivo do grupo não é o lucro em dinheiro e sim o lucro que se tem quando se cuida da natureza e quando nos alimentamos de forma saudável. “Queremos sempre ter uma produção agroecológica, farta e diversificada, pois sabemos que temos o compromisso de alimentar nossas famílias de forma saudável e o excedente comercializar, no entanto, a preço justo, buscando não entrar na rota mercantilista de produtos orgânicos com preços abusivos”, diz Gonçalves.

O técnico do Ceagro, Rodrigo da Silva, destaca a importância da troca do conhecimento entre o profissional e os agricultores durante a realização das oficinas. “Usamos os princípios da agroecologia e da educação do campo para criar ambientes onde todo mundo ensina e aprende. Esse diálogo de saberes é fundamental para a valorização do conhecimento do agricultor”.

A produção agroecológica é a melhor maneira de se produzir, mas para isso é preciso romper com o sistema, assim como se rompe a cerca quando se ocupa um latifúndio. A luta por Reforma Agrária Popularé uma luta por uma alimentação saudável.

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*Editado por Rafael Soriano