Mulheres do campo e da cidade realizam ato unificado no Goiás

A programação ativista começou com a ocupação da Assembleia Legislativa de Goiás por cerca de 800 mulheres.

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Da Página do MST

 

Com o tema “Mulheres contra o capital, em defesa da Democracia e da Soberania Nacional”, as mulheres goianas do campo e da cidade, organizado por diversas entidades do movimento social e coletivos feministas, realizam nestes dias 7 e 8 de março ato unificado para celebrar de forma crítica o Dia Internacional da Mulher.

A programação ativista começou com a ocupação da Assembleia Legislativa de Goiás por cerca de 800 mulheres, que desenvolvem uma série de atividades para discutir a violência e dar visibilidade às pautas políticas importantes para o processo de retomada de direitos. Entre elas estão a anulação da reforma trabalhista, o repúdio à reforma da previdência e a defesa intransigente da democracia.

Participam da ação mulheres do MST, do Movimento Camponês Popular (MCP), Federação dos Trabalhadores da Agricultura Familiar (Fetraf), Comissão Pastoral da Terra (CPT) e Federação dos Trabalhadores da Agricultura Familiar no Estado de Goiás (FETAEG).

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As militantes discutiram a conjuntura brasileira: Nenén, representante da direção nacional do MST, abordou a “Realidade das Mulheres Camponesas no Brasil”; Lucia Rincon, do Centro Popular da Mulher e União Brasileira de Mulheres, a “Realidade das Mulheres Urbanas e a Questão da Violência”; e Ieda Leal, vice-presidenta da CUT-GO e integrante do Movimento Negro e Sintego, falou sobre a “Realidade das Mulheres Negras”.

Durante a tarde, foram promovidas oficinas de agitação e propaganda, confecção de estandartes feministas, comunicação popular, combate à violência contra a mulher, batuque feminista, além da ciranda das crianças e teatro do oprimido. Ao final, a produção das oficinas será apresentada na Ciranda com Debate.

8 de Março

Uma grande marcha com apresentação de poesias, performances e batuque foi programada para a manhã do dia 8 de março. A manifestação começa às 9 horas, na ocupação da Assembleia Legislativa de Goiás, e seguirá pela Avenida Anhanguera.
 

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“Estamos na rua pra lutar por um projeto feminista e popular. É uma data marcada por mobilizações das organizações do campo e da cidade como forma de mostrar as vozes de tantas mulheres lutadoras, nas praças, ruas e avenidas. Para nós, todo mês de março é tempo de intensificar a luta das mulheres e reafirmar sua história, suas denúncias e reivindicações por um mundo sem violência e desigualdade, com autonomia e liberdade. Nessa perspectiva, sentimos, mais uma vez, a necessidade de nos colocarmos em luta, pois o Brasil vive um momento de grande ofensiva do capital internacional, representado pelos grandes bancos, as empresas multinacionais e o agronegócio. Esses grupos, aliado ao governo golpista de Michel Temer estão privatizando os bens naturais, como a terra, a água, os minérios e também estão acabando com nossos direitos trabalhistas conquistados com muita luta”, afirmam as entidades.

Veja abaixo a íntegra da pauta de reivindicações:

1.  COMBATE À VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER E PROMOÇÃO DA SAÚDE

No campo e na cidade temos uma realidade muito triste, que precisa ser combatida, que é a violência contra as mulheres. No campo, as mulheres sofrem ainda mais com a violência pela falta de acesso às informações e por não terem seus direitos respeitados. São poucos os dados registrados da violência sofrida pelas camponesas, porém mais de 60% das mulheres que sofrem algum tipo de violência são vitimadas pelos próprios maridos ou companheiros. Exigimos, para combater essa violência:

– Garantia de políticas públicas de combate à violência e proteção de mulheres;

– Disponibilização de recursos para entidades, organizações e movimentos sociais para desenvolver ações de combate à violência contra as mulheres;

– Promoção da saúde das camponesas por meio de campanhas;

– Garantia de atendimento especifico às camponesas por meio de unidades itinerantes de saúde.

2.  POR UMA APOSENTADORIA DIGNA PARA TODAS AS TRABALHADORAS E TRABALHADORES NO CAMPO E NA CIDADE

Somos contra o desmonte da Previdência Social que governo golpista de Michel Temer tenta aprovar no Congresso Nacional por meio da PEC 241.

Além de mentir sobre o que chama de “rombo da previdência”, o governo condena à miséria milhões de famílias trabalhadoras que não vão conseguir mais ter acesso à aposentadoria.

No campo, onde o acesso ao direito previdenciário já é difícil, a regra proposta de contribuição individual, além do aumento da idade mínima, tornam esse acesso inviável.

O grande rombo nas contas públicas federais é o pagamento dos juros e amortizações da dívida pública, do qual apenas algumas poucas famílias e grandes bancos são beneficiários.

3. LEI DA AGRICULTURA FAMILIAR E CAMPONESA E EMENDAS PARLAMENTARES

Que seja derrubado, na Alego, o veto do governo ao inciso I do artigo 9º da Lei Dom Tomás Balduino (lei número 19.998/18) que estabelece um valor mínimo orçamentário para o Fundo da Agricultura Familiar e Camponesa.

De igual forma, que sejam derrubados vetos a emendas e outras propostas de execução orçamentária relacionadas aos programas da agricultura familiar e camponesa.

3.1 Reorganização do CEDRUS

Reorganização imediata do CEDRUS – Conselho de Desenvolvimento Rural Sustentável – para ser um conselho tripartite, incluindo as organizações da agricultura familiar e camponesa e do Campo Unitário de Goiás.

4. COMPRA INSTITUCIONAL DE ALIMENTOS DA AGRICULTURA FAMILIAR E CAMPONESA

Que o Governo do Estado de Goiás regulamente de imediato a compra institucional de alimentos da agricultura familiar e camponesa, pois assim, as mulheres podem comercializar os alimentos produzidos e melhorarem sua renda e qualidade de vida no campo.

5. HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL NO CAMPO

Construção e reforma de 10 mil unidades habitacionais no campo, com recursos do governo estadual.

6. REGULARIZAÇÃO FUNDIÁRIA (PROGRAMA GLEBA LEGAL)

A regularização fundiária (Gleba Legal) é necessária, porém, sem os devidos cuidados políticos, sociais e econômicos não passará de mais uma ação institucional para legitimar as elites agrárias, ou seja, a grande propriedade.

Dessa forma:

O programa estadual de regularização fundiária precisa criar mecanismos favoráveis para os agricultores e agricultoras familiares poderem regularizar a sua terra. Do contrário, há uma possibilidade bem concreta de que não terão condições de pagar a terra nas condições que hoje estão sendo oferecidas, por isso propomos que o pagamento dos agricultores familiares e camponesas seja feito em um valor simbólico.

O programa de regularização fundiária de Goiás destine as terras acima de mil hectares para reforma agrária.

7. COMPRA DE SEMENTES DA AGRICUTURA CAMPONESA

Com o apoio da EMBRAPA, mais de mil famílias do estado de Goiás têm conseguido resgatar, produzir e melhorar diversas variedades de sementes agroecológicas, exigimos que o governo estadual crie um programa para aquisição e distribuição de sementes produzidas por estas famílias, a exemplo do Governo Federal, com o PA de Sementes.

 

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*Editado por Rafael Soriano