Pesquisadora norueguesa apresenta relatório sobre os impactos do eucalipto no Brasil

O relatório diz que as empresas de eucalipto impedem a distribuição equitativa da terra e invadem áreas indígenas, quilombolas e de pequenos agricultores

 

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De acordo com Susana Norman é preciso boicotar o consumo de produtos de eucalipto. 

 

Por Coletivo de Comunicação do MST na Bahia
Da Página do MST

Nesta última quinta-feira (1/3), a Escola Popular de Agroecologia e Agrofloesta Egidio Brunetto, localizada no Assentamento Antônio Araújo, no Prado, Extremo Sul da Bahia, recebeu a representante do Comitê Norueguês de Solidariedade com América Latina (LAG Noruega) Susana Norman, que apresentou o resultado do trabalho de pesquisa realizado pela brigada de solidariedade “Voz Alta” do comitê.

O grupo esteve no Brasil em 2015 e atuou em cinco meses. Porém, passaram três na Escola Popular acompanhando os assentamentos afetados pelo monocultivo de eucalipto. No geral, o relatório aborda as consequências sócio-ambientais do cultivo da monocultura de eucalipto e apresenta uma pesquisa que analisa e denuncia os impactos da indústria no Brasil.

Relação Brasil e Noruega

As empresas que hoje produzem eucalipto no Brasil possuem relação direta com o governo da Noruega. Susana explica que seu país possui hoje um Fundo Estatal de Pensões, conhecido também como Fundo do Petróleo, que é controlado pelo governo e administrado pelo Norges Bank, Banco Central Norueguês. O banco foi criado em 1990 para acumular ganhos no setor de petróleo, a fim de usá-los no orçamento do Estado.

A Noruega, a partir do Fundo de Petróleo, possui parte das empresas de celulose no Brasil como a Fibria, a Suzano e a Veracel, através da “Stora Enso” como acionista. “Todas essas empresas estão envolvidas em operações antiéticas e ambientalmente destrutivas na região do extremo Sul da Bahia”, afirma Susana.

Meio ambiente devastado

O relatório aponta que as plantações de eucalipto impedem a distribuição equitativa da terra e invadem áreas indígenas, quilombolas e de pequenos agricultores. As plantações destroem a Mata Atlântica, provocam a extinção de animais e impedem a regeneração de uma biodiversidade importante.

Além disso, as monoculturas levam a escassez da água, queimadas, à propagação de pesticidas tóxicos, ao desemprego e a pobreza. Segundo Susana: “a indústria baseada no cultivo do eucalipto causa sérios danos ambientais, violando os direitos humanos e os direitos dos povos indígenas”.

Como instrumento de luta, a pesquisadora convoca a população para boicotar o consumo de produtos de eucalipto e exige que o Fundo do Petróleo retire os investimentos deste setor. “O modelo econômico é um problema, não só as ações, e acreditamos que os investimentos nessas empresas é um exemplo claro de como o sistema capitalista cria uma dinâmica e lógica onde os recursos naturais, os trabalhadores e a terra, podem ser explorados para gerar lucro para poucos”, acrescenta Susana.

O relatório foi lançado em março de 2016 e está disponível online, aqui