Mulheres lutam contra os impactos dos grandes empreendimentos na região Tocantina
Da Página do MST
Além de ser o mês de luta das mulheres, março é também o mês da água. E, para denunciar o processo de privatização, expropriação e utilização exploratória das águas, 300 mulheres Sem Terra da região Amazônica, dos estados do Maranhão, Pará e Tocantins, reuniram-se em Imperatriz (MA) nas proximidades da estrada que dá acesso à fábrica da Suzano Papel e Celulose.
Realizada a fusão com a Fibria, a Suzano será a maior produtora de papel e celulose do mundo. Atualmente a empresa detém sob seu controle 476 mil hectares de terra nos estado do Pará, Maranhão e Tocantins. A exploração transforma vastas extensões do território num enorme deserto verde. As terras baratas e férteis, a abundância de água, a Vale e sua estrada de ferro – que tanto estrago já provocou – além de um Estado amigo, que fornece isenção de impostos, infraestrutura e estradas, faz com que a região continue sendo cenário de exploração e desmatamento.
Sua atuação na região provoca diversos impactos sociais, culturais e ambientais:
- Onde antes havia feijão, arroz, macaxeira, frutas, de onde as famílias camponesas tiravam seu sustento e alimentavam nosso povo, hoje há somente eucalipto. A agricultura camponesa e o extrativismo foram marginalizados tornando a região num polo da agricultura capitalista, que tudo destrói em nome do lucro.
- Com o plantio do eucalipto e com a instalação da fábrica da Suzano acontecem grandes modificações hídricas – rios e riachos que antes tinham água o ano todo, secam por um longo período do verão – impactando na vida de dezenas de comunidades e principalmente de mulheres que tem que caminhar ainda mais para ter acesso à água
- Rios secando peixes sumindo, biomas inteiros sendo atingidos, famílias que deixam de se alimentar dos peixes e que muitas vezes perdem sua única forma de sustento
- A invasão da Suzano nos territórios não traz o prometido progresso, o tal desenvolvimento, pois as melhorias feitas pelo governo só beneficiam a empresa e que no caso das estradas, são construídas para serem destruídas em meses pelos caminhões que transportam a madeira, deixando as estradas ainda mais perigosas.
A produção de uma folha de papel consome 10 litros de água, para um 1kg de papel são utilizados 540 litros de água! Essa água é retirada do Rio Tocantins, que no último ano passou por uma das maiores secas de sua história, tornando precário o abastecimento de água na região. Somente em 2016 foram retirados do Rio 23 mil metros cúbicos de água.
A escassez de água atinge em especial as mulheres, pois elas são, geralmente, as responsáveis por buscar água e abastecer a casa. Outro fator alarmante é a pressão feita por grandes empreendimentos, como a Suzano, sobre os camponeses, que tem abandonado sua cultura e cedido suas terras para o cultivo de um eucalipto agora em vias de se tornar todo transgênico e que contaminam outras culturas, como o mel.
A mobilização das mulheres em luta pela água tem ocorrido em várias lugares do país, nesta terça-feira (20) e tem seguido também a pauta de luta contra o massacre da população negra, dando continuidade a luta de Marielle Franco. O girassol se multiplica por meio das suas sementes! Somos todas Marielle!
Seguimos em luta por Marielle! Pela democracia, pelos direitos humanos, contra as privatizações e a lei de terrorismo.
Basta de destruição de nossa biodiversidade! De expropriação da água de nossos rios!
A água é um bem comum, um bem público de todos os seres humanos e tem que servir à vida, não ao lucro!
Suzano é deserto verde
Suzano é veneno
Suzano é seca dos rios
Suzano é destruição da natureza
Suzano aprisiona nossa terra, explora gente e mata o Rio!
*Editado por Maura Silva