“Queremos que ele faça mais e diferente”, diz acampado em referência a Lula
Camponeses Sem Terra acompanham Caravana de Lula pelo RS e relatam feitos do governo petista

Por Catiana de Medeiros
Da Página do MST
A Caravana Lula pelo Sul do Brasil carrega consigo a expressão da classe trabalhadora que vê no ex-presidente a representação de um projeto popular para o país. É por isso que camponeses acampados e assentados da Reforma Agrária acompanham desde segunda-feira (19) as mobilizações no Rio Grande do Sul. Muitos deles são beneficiários de políticas públicas criadas pelo governo do petista, como o Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (Pronera).
É o caso de Cleiton Padilha, 21 anos, filho de assentados em Viamão, na região Metropolitana de Porto Alegre. Ele ingressou em 2015 no Curso Técnico em Agropecuária com ênfase em Agroecologia, que é oferecido via Pronera pelo Instituto Educar, na antiga Fazenda Annoni, na região Norte gaúcha. Com a formatura garantida para o segundo semestre deste ano, Padilha relata como o programa tem contribuído para mudar a realidade dos jovens no campo.
“Nosso assentamento fica numa região que não é considerada pela sociedade uma zona rural. Mas é uma área que tem muita produção e toda ela é livre de agrotóxico. Lá, muitos jovens trabalham no lote para subsistência, então é difícil conseguirmos pagar uma faculdade ou até mesmo um curso profissionalizante. Muitas vezes não temos perspectiva, mas o Pronera nos deu um novo rumo neste sentido. Com a formação, eu vou continuar apostando na agroecologia e quero assumir a produção no lote da família”, diz o jovem.
Dona Maria Gomes da Rosa, 55 anos, também veio da região Metropolitana de Porto Alegre para acompanhar a passagem do ex-presidente pelo território gaúcho. Ela foi beneficiária dos programas “Luz para Todos” e “Minha Casa, Minha Vida”, criados durante o governo Lula. Segundo a trabalhadora, as famílias que foram contempladas com as duas políticas públicas viveram uma “verdadeira revolução”.
“O Luz para Todos foi fundamental porque permitiu melhorar nosso trabalho na produção de arroz orgânico e facilitou a permanência dos trabalhadores na lavoura, tanto para fazer as refeições, quanto para consertar uma máquina quando não há mais a luz do dia. Antes, em época de colheita, se perdia muito tempo, andávamos mais de 12 quilômetros para consertar por não existir eletricidade. Já o programa de habitação foi maravilhoso, pois a minha família e muitas outras tiveram acesso a um lar. Antes de reformar, a minha casa tinha apenas quatro paredes e uma divisória; não tinha instalação sanitária, nem forro. O chão era de piso bruto. Tudo foi construído com muitas dificuldades, mas hoje temos tudo o que precisamos para viver com dignidade” conta a assentada.
O Sem Terra Everton Scherner, 31 anos, que também integra a caravana, mora debaixo de lona preta há mais de uma década. O Acampamento Terra e Vida, onde ele vive com 50 famílias, está montado em Passo Fundo, cidade em que Lula estará na próxima sexta-feira (23). Para ele, o avanço da desapropriação de áreas emblemáticas para a Reforma Agrária somente será possível com a retomada de um projeto popular no país.
“A expectativa minha e de todas as famílias acampadas é que Lula possa se eleger para dar um destaque maior para a Reforma Agrária e para os povos do campo. Queremos que ele faça mais e diferente, uma vez que nos seus governos o agronegócio teve avanços significativos, mas o orçamento para a Reforma Agrária sempre foi reduzido”, declara.

Caravana em cidades gaúchas
A Caravana Lula pelo Sul do Brasil já percorreu duas cidades gaúchas. A primeira parada aconteceu na manhã de ontem no município de Bagé, na Região da Campanha. Lá, Lula participou de uma atividade na Universidade Federal do Pampa (Unipampa), inaugurada no seu governo, e falou para uma multidão ao lado de fora da instituição. A segunda agenda do ex-presidente foi à tarde, em Santana do Livramento, na Fronteira Oeste, numa conversa pública com Pepe Mujica, que mobilizou milhares de trabalhadores do Brasil e do Uruguai na Praça Internacional. O evento foi marcado por denúncias sobre o golpe que ocorre no país e a necessidade de união dos países da América do Sul.
A assentada Catarina Kovalick, 58 anos, está presente na caravana. Ela define como histórico o encontro do povo gaúcho e uruguaio com Pepe Mujica e Lula. “Foi um grande momento para a nossa região de fronteira, onde duas cidades estão muito unificadas pela força do povo. Nós acreditamos muito em Lula e Pepe e vamos dar o troco à burguesia nas urnas, porque acreditamos que a saída para o Brasil está num projeto democrático e popular “, conclui.
Confira no link as fotos da Caravana Lula pelo RS, aqui.
*Editado por Maura Silva