Representantes da sociedade civil são barrados no Planalto por utilizarem camiseta Lula Livre e cocar

4 mulheres e um indígena Tingui Botó da Comissão Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica foram barrados na entrada de reunião no Planalto nesta quinta-feira, 26 de abril

 

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Representantes da CNAPO denunciando o ocorrido para senadora Regina de Souza (PT-PI)

 

Por Webert da Cruz 
Da Página do MST

Nesta quinta-feira (26),  4 participantes do Grupo de Trabalho (GT) de Mulheres da Articulação Nacional de Agroecologia (ANA) foram impedidas de participarem da reunião no Palácio do Planalto por estarem utilizando camiseta e adesivos escritos &”39;Lula Livre&”39;.  O constrangimento aconteceu na 20ª Plenária da Comissão Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica (CNAPO). Além delas, Jairan Santos, indígena Tingui Botó (AL) membro da comissão, utilizava cocar e também foi barrado pelos seguranças. No caso de Jairan, ele nem usava camisa Lula Livre, nem portava adesivo.

Uma das mulheres barradas, Eryka Galindo da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), conta que a confusão foi uma grave ameaça à ordem constitucional democrática do país. “Isso demonstra o cerceamento da liberdade de expressão. O golpe contra a democracia em que a gente esta vivendo. E nós, como movimento sociais, como organizações da sociedade civil que integram a agenda agroecológica,  vamos permanecer afirmando democracia e agroecologia como referência de luta e transformação deste país”, afirma.

Confira vídeo de denúncia pela ANA

Jairan  Tingui Botó, representante do movimento indígena na CNAPO, conta que sofreu violação do direito de expressão cultural da sua etnia. “A gente chegou até a ouvir que só ia entrar e ter acesso ao local da reunião quem tivesse vestido normal. Daí, porque eu estou com um cocar e uma pintura característica do meu povo, o pessoal da segurança, claro, com ordens de superiores, considerou que a gente estava vestido anormal e não permitiu o nosso acesso à reunião”, descreveu Jairan. 

“Lamentavelmente presenciamos como estamos vivenciando cada vez mais situações de um Estado de exceção. Num espaço público, com funcionários pagos com dinheiro publico, impedindo o acesso de representantes da sociedade civil num espaço que deveria ser da democracia e participação e discussão”, disse Denis Monteiro, secretário-executivo da ANA, na manhã após o ocorrido no auditório do Anexo I do Palácio do Planalto. 

Após a situação arbitrária e denúncia da inadmissibilidade dos fatos, os membros da sociedade civil da CNAPO se reuniram e decidiram se retirar do Plenário. Os representantes caminharam até o Congresso Nacional onde foram recebidos pela senadora Regina de Souza (PT-PI), que ouviu a queixa. A deputada Erika Kokay (PT-DF) também denunciou o ocorrido no Plenário da Câmara dos Deputados.

*Editado por Iris Pacheco