Acampamento Pátria Livre inaugura Escola Itinerante na região metropolitana de Belo Horizonte

No trabalho realizado pelo Movimento no local, se escancara a necessidade de fazer com as próprias mãos da classe trabalhadora uma nova forma de produzir conhecimento.

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Por Agatha S. Azevedo
Da Página do MST

 

A cerimônia de inauguração da Escola, localizada em São Joaquim de Bicas, região ocupada pelo MST durante a Jornada de Lutas por Reforma Agrária na terra dos corruptos em 2017, reflete o esforço do MST e dos parceiros e parceiras em criar um lugar em que a educação possa ser, de fato, popular e acolhedora. 
 

No trabalho realizado pelo Movimento no local, se escancara a necessidade de fazer com as próprias mãos da classe trabalhadora uma nova forma de produzir conhecimento. “Para a nossa escola, as identidades das nossas turmas cultivam a memória dos nossos antepassados na construção de uma escola emancipatória. Nossas turmas têm mística: Dandara, Marielle Franco, Krenak e Maxacali não são apenas nomes aqui”, explica Amarildo Horácio, vice-diretor da Escola. 
 

Um dos maiores frutos é o empoderamento das crianças e dos jovens Sem Terra, que fazem da lona preta, da foice e da enxada, a luz no fim do túnel numa sociedade excludente. 
 

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Luíza da Cruz Silva, de 13 anos, conta como a Escola de seu acampamento ajudou para que ela pudesse se sentir bem consigo mesma. “Eu era apenas a menina negra na cidade, do cabelo duro, eu perdi um ano de escola por conta disso e eu não tinha nada. Eu vim pra cá pra lutar e quero agradecer à Escola Elizabeth Teixeira por ter me dado tudo”, disse Luíza.
 

Não é por acaso que a Escola se chama Elizabeth Teixeira. Segundo Matilde Oliveira, do setor de educação do MST, a senhora grisalha, com mais de 90 anos, é fonte de inspiração e resistência. 
 

“Homenagear é nós não deixarmos que a luta do povo se perca. O MST é herdeiro das lutas camponesas e saúda a luta de Elizabeth Teixeira. Ela era mulher camponesa e lutou junto com seu companheiro, João Pedro Teixeira, pela terra, ele foi assassinado antes da ditadura e ela teve que se esconder e mudar de nome. Só anos depois conseguiu reunir a sua família. Nós que produzimos, muitas vezes não podemos colher dos benefícios, mas aqui essa escola é nossa, construímos coletivamente e estamos em casa. Comemorar é não deixar que nossa energia e esperança se perca”, explicou. 
 

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De acordo com o vice-diretor da Escola, a inauguração demarca a posição da Escola na luta pela educação de qualidade. “A cor da nossa bandeira não é vermelha por detalhe, é vermelha por essência. A luta por transformação é o que nós acreditamos. A nossa pedagogia foi parida na luta social, e nós afirmamos com toda certeza: não arredaremos um centímetro da produção e da socialização do conhecimento, mas queremos discutir as questões cotidianas e políticas. Não vamos renegar a nossa história”, ressaltou Amarildo.
 

*Editado por Gustavo Marinho