JURA 2023

10ª Jornada Universitária em defesa da Reforma Agrária começa hoje (17) em todo o país

Com o lema "Reforma Agrária Popular: Em Defesa da Natureza e de Alimentos Saudáveis!", a JURA comemora 10 anos de experiências

Da Página do MST

Este ano, as Jornadas Universitárias em Defesa da Reforma Agrária Popular (JURAs) completam dez anos de experiências coletivas que unem os mais diversos saberes. Ao longo desta década, a JURA se constituiu como espaço de união, resistência e de contribuição à batalha das ideias própria de nosso tempo.

Com o lançamento marcado para esta tarde, a articulação da Jornada é parte da resistência ativa do MST, que hoje e durante todo o mês de abril, além de ocupar as ruas, os latifúndios improdutivos, as praças e rodovias, trabalhadoras e trabalhadores passam a ocupar também os espaços democráticos das universidades e Instituições de Ensino Superior (IES) pelo país, para realizar debates, diálogos e trocas de experiências em torno da pauta da Reforma Agrária e da luta pela democratização da terra.

Desde a conjuntura regressiva de 2016, aprofundada durante o governo genocida a partir de 2019, o país resiste contra o completo desmonte das políticas publicas para a reforma agrária e o ataque sistemático aos vetores da cultura e memória pública, às universidades e ao complexo de ciência e tecnologia, às agencias do meio ambiente e à criminalização das lutas sociais.

Atualmente, a JURA envolve mais de setenta Instituições de Ensino Superior; são Grupos, Núcleos e Laboratórios de Estudo e Pesquisa; Programas de Pós-Graduação; Coletivos de Trabalho; Estudantes, Movimentos e Organizações Populares do Campo e da Cidade, articulados em torno da compreensão da questão agrária e da construção da Reforma Agrária Popular.

JURA 2023

Como parte das lutas do Abril pela memória aos Mártires do Massacre em Eldorado do Carajás, acontece hoje uma atividade nacional da JURA/2023, com uma mesa de Abertura da Jornada em nível nacional, de forma presencial na Universidade de Brasília (UnB) e com transmissão pela TV UnB para as demais IES, visando discussões também nos locais. Essa atividade pretende demarcar em linhas gerais o lema de nossa Jornada.

Após o lançamento, as universidades seguem um calendário para o ano de 2023, construído considerando as especificidades locais, a conjuntura do país, o calendário de Memória, e configurando a Jornada como uma atividade em processo ao longo de 2023, em suas diversificadas ações.

Plantar Árvores, Produzir Alimento Saudável

Com a pandemia da Covid-19, o MST aprofundou suas práticas promovendo uma inédita campanha de solidariedade no país compartilhando mais de 10 mil toneladas de comida de verdade, construindo 250 cozinhas comunitárias, expandindo a rede de Armazéns do Campo – lugar social de trocas simbólicas e culturais das sementes de outro Projeto de Sociedade, – direcionando mais de 15 mil toneladas de alimentos para a merenda escolar, realizando as Feiras da Reforma Agrária.

“Temos a necessidade de fortalecer a questão da Reforma Agrária, como uma alternativa pra toda sociedade, além da retomada de direitos historicamente negados à classe trabalhadora brasileira, como o direito à educação, à moradia, ao trabalho, entre outros; e no caso da Reforma Agrária, o direito à alimentação. E o combate à fome que está tendo um aprofundamento na sociedade brasileira”, explica Rosana Fernandes, da coordenadora da Escola Nacional Florestan Fernandes (ENFF).

No ano de 2022, a Jornada Universitária lançou o dicionário Agroecologia e Educação. Foto: Aline Oliveira/MST no CE

Desde o ano passado, a JURA passou a articular suas atividades em torno de um lema, e em 2023 traz a perspectiva do Plano Nacional Plantar Árvores, Produzir Alimento Saudável para dialogar com as lutas populares do campo e da cidade neste período e, que projete ações de fortalecimento e unidade. Para debater sobre a relação entre matriz de produção, alimentos saudáveis, agroecologia, mudanças climáticas, dentre outros, o tema escolhido foi “Reforma Agrária Popular: em defesa da natureza e de alimentos saudáveis“.

Durante a JURA estão previstos eventos, seminários, encontros, lives, minicursos, e a criação de viveiros de mudas e plantio de árvores nos diferentes espaços das instituições e no seu entorno, assim como ações de mobilização social, vivências nas Escolas do Campo e assentamentos e destes em atividades nas universidades e Institutos Federais; bem como a realização de Feiras do Livro e da Reforma Agrária, mostras culturais, cinema da terra, além das atividades de articulação entre Ensino, Pesquisa e Extensão, alargando a função social das Instituições Universitárias.

As atividades também partem da ideia de motivar a comunidade docente para mobilização em vista de novos cursos pelo Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (Pronera) e para o fortalecimento das Licenciaturas em Educação do Campo, comemorando os 25 anos do Pronera e os 25 anos da Educação do Campo, como parte das lutas cada vez mais necessárias em defesa da educação pública como direito humano e bem comum.

“A JURA acaba sendo uma forma de reafirmar as conquistas do MST, que ao longo de quase 40 anos tem resultados evidentes e, isso é visível, mediante a forma de organizar, a partir da conquista da terra, além das ações de solidariedade que o Movimento vem desenvolvendo ao longo desses anos de pandemia. Pra nós é muito importante colocar esse diálogo, com pesquisadores, estudante e com toda a sociedade, que participa desses eventos que as instituições de ensino estão organizando”, relata Rosana.

Neste sentido, também há um indicativo na realização de um dia de vivência em áreas de Reforma Agrária, a partir da perspectivas do Dia Mundial do Meio Ambiente, 5 de junho, como data para que estudantes realizem um dia de vivência em áreas de Reforma Agrária, onde será possível participar de processos produtivos e do plantio de árvores.

A ideia é aproveitar o momento para o lançamento de ações que ampliem a incidência do MST e fortaleçam a organização para as lutas que continuam. Com a retomada das atividades presenciais, o desafio é criar formas de massificar a JURA, envolver mais IES, mais professoras(es), e um grande número de estudantes no conjunto das atividades.

*Editado por Solange Engelmann