Jornalismo perde Audálio Dantas, um guerreiro da democracia

O jornalismo perde mais um de seus grandes profissionais. Faleceu na tarde desta quarta-feira (30) Audálio Dantas, aos 88 anos.

 

 

Do Portal Vermelho

 

Alagoano de Tanque D’Arca, Audálio começou sua carreira jornalística em 1954, como repórter do jornal Folha da Manhã (atual Folha de S.Paulo). Cinco anos depois, foi para a revista O Cruzeiro, onde foi redator e chefe de reportagem.

Repórter e jornalista, um dos mais importantes de sua geração, Audálio foi uma liderança sindical histórica. Ele presidiu o Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo, entre 1975 e 1978, período que conduziu os protestos em repúdio ao assassinato do jornalista Vladimir Herzog, que ocorreu nas dependências do DOI- Codi de São Paulo, em plena ditadura.
 

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Foi eleito deputado federal pelo Movimento Democrático Brasileiro (MDB) e em 1981, recebeu na ONU um prêmio por sua atuação em defesa dos direitos humanos.

Para Renata Mielli, coordenadora-geral do Fórum Nacional pela Democratização d Comunicação, “hoje é um dia triste para aqueles que ainda lutam para fazer um bom jornalismo”.

A deputada estadual e pré-candidata do PCdoB à presidência da República, Manuela d&”39;Ávila afirmou que “a morte de Audálio Dantas, jornalista que lutou tanto pelo Brasil, me entristece muito.Choramos por ele, prometendo continuar sua luta por liberdade e democracia”.

O jornalista Antônio Carlos Queiroz, que trabalhou no jornal Movimento, lamentou a morte do amigo Audálio Dantas, por ele definido como grande jornalista, escritor, poeta e sindicalista. Queiroz afirmou que conheceu Audálio em São Paulo, na sede do jornal Movimento, do qual era membro do Conselho Editorial, em companhia de Chico Buarque, Fernando Henrique Cardoso, Hermilo Borba Filho, André Forster, Orlando Villas-Boas e Edgar da Mata Machado. Tornaram-se amigos em Brasília, quando Dantas foi deputado federal, entre 1979 e 1983. “Com grande coragem e inteligência, Audálio Dantas enfrentou a ditadura militar. Tenho muito orgulho de ter convivido com ele”, afirmou ACQ.

Na página de Audálio nas redes sociais, diversos amigos e jornalistas manifestaram pesar pelo seu falecimento.

Para o jornalista Moacir de Oliveira Filho “é mais um guerreiro que se vai. Nesses tempos sombrios que estamos vivendo vai nos fazer muita falta. Audálio foi um guerreiro, um líder, um exemplo de dignidade, de companheirismo, de seriedade, de compromisso”.

“Audálio Dantas, meu grande amigo, que a jornada que ora encetas seja tão rica e profícua quanto a que nos deixaste como jornalista e homem de bem. Adeus.”, afirmou Marco Antonio Rocha.

“Audálio Dantas era um homem culto, generoso e dedicado às causas que abraçava”, afirmou Breno Altman.

Para Marcelo Auler, Audálio “era um guerreiro, que soube enfrentar os anos de chumbo no famoso episódio do assassinato de Vladimir Herzog”.

“Deixou seu nome registrado na História do Jornalismo brasileiro e na árdua luta pelo retorno do país ao Estado de Direito, hoje desprezado por tantos”, completou.

Para Inácio Carvalho, editor do Portal Vermelho, “Audálio Dantas soube o unir o bom jornalismo à militância política em defesa da democracia, das liberdades e do Brasil. Morando em São Paulo há muitas décadas, jamais deixou de lado seu amor pelo Nordste natal que retratou, muito bem nos livros “O Céu de Luiz” e “O Chão de Graciliano”, feitos em parceria com o fotógrafo cvearense Tiago Santana”.

Velório

O velório de Audálio Dantas foi no Hospital Premier (Av. Jurubatuba nº 481 – Vila Cordeiro, até às 10 horas desta quinta-feira ), e a partir das 12h, no auditório Vladimir Herzog, sede do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo (Rua Rego Freitas nº 530 – Sobreloja – Vila Buarque). A cremação ocorreu no Cemitério Vila Alpina.

 

 

*Editado por Rafael Soriano