Estudantes divulgam nota sobre acidente na BR-163

Na ocasião, o ônibus que levava a turma para o Encontro Nacional dos 20 anos do PRONERA tombou nas margens da rodovia

 

Da Página do MST 

 

Estudantes do curso de Licenciatura em Educação do Campo da Universidade Federal de Dourados (UFGD) divulgaram nota de desabafo e indignação referente ao acidente que aconteceu no último dia 11 de junho. Na ocasião, o ônibus que levava a turma para o Encontro Nacional dos 20 anos do Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (PRONERA) tombou nas margens da rodovia BR-163, próximo ao município de Bandeirantes, MS, distante 58Km da capital, Campo Grande.

Com o acidente, três estudantes ficaram gravemente feridos, com os demais sofrendo diversas escoriações. Os estudantes denunciam o descaso da empresa, Aquidauana Tur, no apoio aos estudantes feridos. Além disso, exigem retorno das demandas apresentadas para a vice-reitoria da UFGD.

Confira a nota na integra:

É a segunda vez que a UFGD e a empresa Aquidauana Tur coloca em risco a vida dos estudantes do curso de Licenciatura em Educação do Campo (LEDUC) em viagens para eventos científico-acadêmicos! A primeira vez foi no I Encontro Nacional dos Estudantes de Licenciatura em Educação do Campo em 16 de Dezembro de 2016, em Cruz das Almas, na Bahia. O ônibus que levava os estudantes não tinha nenhuma condição de viagem era um veículo de sub- locação da mesma e fugia totalmente das especificações determinadas em contrato. Durante a
viagem o ônibus teve risco de incêndio e estragou várias vezes, forçando os estudantes a acampar na estrada.

Até o momento não tivemos nenhuma informação sobre os encaminhamentos que foram dados pela UFGD para que esta empresa fosse acionada e questionada por suas irregularidades contratuais. Como não tivemos amparo institucional tivemos que levar o caso até MINISTÉRIO PÚBLICO E DEFENSORIA, onde solicitamos apoio e orientação frente aos descasos da empresa e das péssimas condições do ônibus sublocado para atender os estudantes da LEDUC. Para mais informações, acesse:https://goo.gl/jNB5dG

A segunda vez, um episódio recente, o ônibus que tombou no dia 11 de junho de 2018 na BR 163 próximo de Bandeirantes.

Nosso breve relato:

Os estudantes da LEDUC e uma técnica administrativa servidora da UFGD, seguiam de Dourados para um evento de celebração dos 20 anos do Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (Pronera), em Brasília, que foi realizado entre os dias 12 e 15 deste mês. Por volta de 5 horas da manhã perto do município de Bandeirantes (MS), o ônibus da empresa Aquidauana Tur entrou na contramão da pista e quase bateu de frente com um caminhão bi-trem. Tudo nos leva a crer que o motorista dormiu durante a viagem, pois quando se deu conta de que estava na contramão, puxou bruscamente ônibus para a sua pista, que com a manobra entrou no acostamento e tombou às margens da rodovia.

O ônibus tombado seguiu por mais de 100 metros! Ficamos presos dentro do ônibus até que os caminhoneiros – que sinalizavam para o motorista voltasse para a sua pista – quebrassem os vidros da saída de emergência. Três de nós ficaram gravemente ferido. Uma das estudantes ficou com o braço preso debaixo do ônibus, sofrendo danos irreversíveis a sua mão esquerda. A outra estudante teve ferimento grave no braço e uma terceira estudante sofreu grande impacto nas costas com sério risco de dano à coluna. Entre nós, havia uma criança de dois anos que saiu ilesa ao tombamento.

Os outros estudantes tiveram escoriações e todos ficaram fortemente abalados psicologicamente e em estado de choque, onde os mesmos não tiveram nenhum acompanhamento médico ou avaliação após o trauma do acidente, permanecendo no local mais de quatro horas, sendo socorridos somente os casos de urgência e emergência.

Depois de muito tempo a empresa mandou outro ônibus para buscar os estudantes, que mesmo sentindo dores e abalados, tiveram que subir suas bagagens em um barranco sem nenhuma assistência dos funcionários da empresa. A assistência da UFGD foi totalmente técnica, entre empresa e Universidade, sem assistência imediata aos acadêmicos que não foram lesionados fisicamente. Mostrando seu total descaso com as vítimas do acidente, a Aquidauana Tur desembarcou parte dos estudantes em suas respectivas cidades sem prestar nenhuma assistência. Nem parada para o almoço tivemos naquele dia traumático!

É importante destacar que no local não houve perícia que pudesse nos dar uma justificativa mínima sobre o tombamento do ônibus. Ao chegar em Dourados não tivemos nenhum acompanhamento da empresa nem da UFGD. Só depois de uma hora fomos alocados no hotel onde somos alojados durante a etapa.

Quem liga para o nosso sangue derramado no asfalto?

Não temos nenhuma dúvida de que se este episódio relatado nesta nota por nós acontecesse com estudantes de algum curso tradicionalmente ocupado por pessoas de renda elevada e privilégio de classe o tratamento e a repercussão seria outra. A educação do campo foi conquista de muita luta dos movimentos sociais, ele reúne as populações historicamente excluídas dos espaços de educação. Porém isso não significa que temos
menos direito que os demais cursos da universidade.

Nós não vamos abrir mão de nossos direitos e exigimos receber um tratamento adequado, principalmente para as estudantes que estão hospitalizadas na cidade de Campo Grande em quarto coletivo na Santa Casa sofrendo risco de infecção. Não vamos ficar calados diante do descaso da UFGD e da empresa Aquidauana Tur! Exigimos também o retorno imediato das nossas demandas apresentadas informalmente ao vice-reitor da UFGD no dia 14 de junho e protocoladas no dia 15 do mesmo mês na reitoria da Universidade. Gostaríamos de agradecer o apoio que temos recebido de diversas pessoas que tem se solidarizado com a nossa dor e pedimos que somem com a gente para que tenhamos os nossos direitos garantidos