Foro de São Paulo tem espaço inédito para escuta de redes e movimentos populares

Há uma história e experiência de entendimento, de aproximação, entre aqueles que desde diferentes trincheiras realizam a batalha cotidiana e sistemática.

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Por Arcides García e Sayonara Tamayo
Do CMLK

 

O espaço de diálogo entre o Foro de São Paulo e as articulações, redes e movimentos populares e sociais foi avaliado como momento histórico, coerente e necessário para contribuir para a unidade e a integração das diversas forças políticas em resistência hoje, que são capazes de enfrentar e derrotar o avanço da direita e do capital na região.

Convocada pelo Capítulo Cubano de movimentos da ALBA, e com o apoio do Partido Comunista de Cuba, o espaço foi bem recebido e representativo entre os participantes do Fórum e, como disse Lourdes Cervantes, Secretária-Geral da Organização de Solidariedade aos Povos da África, Ásia e América Latina (OSPAAL), “é uma ocasião importante para identificar questões recíprocas e avançar na unidade necessária; sempre em um clima de respeito, de diálogo, da pluralidade de visões que existem tanto nos partidos políticos, quanto no amplo campo popular “.

Não se parte do zero, não é um começo, mas precisamente porque há uma história e experiência de entendimento, de aproximação, entre aqueles que desde diferentes trincheiras realizam a batalha cotidiana e  sistemática. O momento que propicia o Foro é um passo importante para os movimentos se conhecerem mais e melhor, se aproximarem e contribuirem na prática a partir de ações coordenadas, que dão amostra da enorme força do campo popular.

Monica Valente, secretária executiva do Foro de São Paulo, disse que “por razões lógicas e de diferentes naturezas, nós temos maneiras diferentes de organizar e operar, tanto partidos como movimentos sociais, mas os aqui representados compartilhamos objetivos e horizontes, por isso estimulamos um elo profundo em nossos países entre os partidos, movimentos sindicais, sociais e populares. Conhecemos as complexidades desses relacionamentos, mas também todo o potencial que temos. “

Presentearam-se lógicas políticas, organizacionais e operacionais, espaços de ação e projeções tanto do Foro como da diversidade de redes, articulações, sindicatos e movimentos populares presentes.

ALBA Movimentos, a Assembleia Internacional dos Povos, a Jornada pela Democracia e contra o Neoliberalismo e a Assembleia dos Povos do Caribe são espaços de articulação em diferentes níveis e diferentes cenários, mas com consenso e capacidade de ação coordenada, já demonstrado na prática e nas suas inter-relações sistemáticas.

Os processos nacionais, regionais e internacionais foram fortalecidos, mas sempre reforçando as bases e estruturas organizacionais a partir das bases, onde a verdadeira unidade e ação são concretizadas.
 

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Outras articulações, como CLOC/Via Campesina, Marcha Mundial das Mulheres, o Encontro Sindical Nossa América e a Frente Continental de Organizações Comunais são oportunidades significativas para debate e luta em cada uma de suas cenas de ação e permitem continuar a acumular a partir de cada momento para um projeto comum popular.

Destaca-se experiências de outras organizações importantes, como Amigos da Terra, Latindad e o Movimento dos Atingidos por Barragens, cujas lutas para o meio ambiente e equidade, a fiscalização e a justiça econômica e por um novo modelo energético, já que são urgências em que nosso povo vive e que o capitalismo e seu modelo de desenvolvimento as impedem com suas práticas hegemônicas.

Como denominador social comum desse espaço de diálogo e consulta entre as forças partidárias, sindicatos e movimentos populares foi a solidariedade com Lula e o reconhecimento de sua prisão injusta, bem como a esigência que ele possa se candidatar e ser novamente eleito presidente do Brasil; também a solidariedade com a Venezuela e o necessário acompanhamento internacional que deve ser mantido para a Revolução Bolivariana; o apoio a Cuba e sua heroica resistência ao império por quase 60 anos; bem como a denúncia dos assassinatos de líderes sociais na Colômbia e a ameaça à paz com justiça social no país, que é a Paz do Continente.

Adan Chavez Frias, vice-presidente do PSUV na Venezuela, em uma saudação para aqueles que participaram neste espaço de diálogo, agradeceu a solidariedade internacional com seu país e a revolução e reconheceu o espaço como muito significativo para a construção de unidade genuína para a verdadeira integração que precisa o atual momento político e nossa América.

Outra demanda latente neste processo de construção da unidade são a necessidade de combater o patriarcado em todas as suas expressões, a formação  política, a comunicação e construção de redes que garantam a organização e coordenação de ações conjuntas; mas acima de tudo, para acompanhar os resultados do Foro em Habana, para poder construir uma Frente Unitária de Luta do Projeto emancipatorio da Nossa América.

 

 

**Traduzido por Maria Julia Giménez
*Editado por Rafael Soriano