Durante Jornada de Lutas, Marcha reúne mais de 10 mil pessoas em Aracaju

Pelas principais ruas da capital, foi pautado o acesso a Terra, Reforma Agrária e a liberdade de Lula
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 Mais de 10 mil trabalhadores Sem Terra participaram da Marcha, que saiu da praça Ronaldo Calumby e percorreu as principais ruas da capital sergipana. Foto: Márcio Garcez

 

Por Edjane Oliveira
Da Página do MST

 

Em Sergipe, o Dia do Trabalhador Rural, 25 de Julho, foi marcado pela tradicional Marcha Estadual dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, realizada pelo MST. Em sua 16ª edição, mais de 10 mil pessoas participaram da mobilização, que saiu da praça Ronaldo Calumby, no conjunto Tiradentes, zona oeste de Aracaju, até o Centro da capital, na praça General Valadão. 

Antes do destino final, um ato político foi realizado em frente a Superintendência do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), ocupada desde a última segunda-feira (23). A ocupação e a Marcha fazem parte da Jornada Nacional de Lutas por Terra, Reforma Agrária e Justiça, que tem mobilizado milhares de trabalhadores Sem Terra em diversos estados do país. 

Segundo João Pedro Stedile, da coordenação nacional do MST, este ano a Jornada de Lutas tem uma forte simbologia, porque o maior líder popular do país está preso injustamente. Nesse sentido, afirmou que a marcha é um instrumento importante, pois demonstra ao povo brasileiro e ao poder judiciário que os trabalhadores estão em luta.  “Não vamos descansar enquanto não libertarem o Lula. Temos convicções que dessa forma voltaremos a ter a pauta da Reforma Agrária Popular na centralidade de nossas discussões na via política”.

Stedile falou também sobre as contradições do golpe e apontou as tarefas que a classe trabalhadora tem nesse cenário de desmonte, retrocessos, retirada de direitos e agravamento dos problemas sociais. “Estamos vivendo um momento muito especial na história política do país, estamos jogando um campeonato que vai decidir nossa vida pelos próximos anos, entre o time da burguesia e o da classe trabalhadora. Todo dia tem um jogo. Às vezes perdemos, às vezes ganhamos, mas precisamos ir ganhando pontos para o jogo final que está marcado para o dia 7 de outubro”, comentou.

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João Pedro Stedile, da coordenação nacional
do MST. Foto: DIvulgação/MST

Ele acrescentou ainda que a marcha de Sergipe é histórica, com repercussão no Brasil inteiro e na América Latina. Exemplo disso, foi a cobertura exclusiva realizada pela rede de televisão multi-estatal para América, a Telesur, que possui sede na Venezuela.

Nessa mesma perspectiva, o deputado federal João Daniel (PT-SE), que também esteve presente na Marcha, disse que além da luta pela Reforma Agrária, o ato teve mais um motivo: debater a situação do Brasil e defender a libertação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. 

“Os trabalhadores e trabalhadoras do campo, assentados e assentadas, trabalhadores da cidade e acampados estão na luta pela defesa da soberania nacional, pela reforma agrária e retomar um grande debate, que é a construção de um projeto popular para o Brasil. Não podemos aceitar esse golpe dado no país, que a cada dia retira direitos históricos da classe trabalhadora e entrega nossos bens coletivos nas mãos das grandes empresas capitalistas”, explicou.

Para o deputado, o Brasil precisa investir na Reforma Agrária, na agricultura familiar e na produção de alimentos saudáveis. Por isso, acrescentou: “essa marcha traz a força e a energia de todos os lutadores e lutadoras de Sergipe. Por isso marchamos. E são as marchas que alimentam a esperança e forma a consciência da classe trabalhadora”.

Como nos anos anteriores, a Marcha do 25 de Julho contou com a presença de políticos importantes do cenário nacional e estadual, além de militantes e dirigentes de diversos movimentos e organizações populares, como a Central Única dos Trabalhadores (CUT), o Movimento Camponês Popular (MCP) e o Levante Popular da Juventude. 

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Foto: Márcio Garcez

Além do deputado João Daniel e do dirigente João Pedro, marcaram presença no ato a secretária estadual de Agricultura, Rosilene Rodrigues, o gerente do Crédito Fundiário, Carlos Fontenele, o ex-secretário estadual de agricultura, Esmeraldo Leal, o prefeito e a vice-prefeita de Adustina (BA), Paulo Sérgio e Loirinha do Sem Terra,  a deputada Ana Lúcia (PT) e o vereador Iran Barbosa.

Ocupação no Incra

Com a ocupação do Incra, no início da semana, além de cobrar a libertação do ex-presidente Lula, preso desde o último dia 7 de abril, foi entregue uma pauta de reivindicação que visa a garantia de diversos direitos, entre eles o acesso a terra. 

Na pauta, encontra-se também a vistoria de fazendas para serem desapropriadas; contratação de empresas de Assistência Técnica para as famílias assentadas, pois há dois anos estão sem esse atendimento; pelo retorno do fornecimento das cestas básicas às famílias acampadas no estado e também pagamento do Fomento Mulher. 

Uma área simbólica para o estado é o acampamento Maria Lindaura, localizado no município de Japoatã, que há cinco anos mais de 200 famílias estão acampadas no local aguardando serem assentadas. De acordo com o dirigente nacional do MST, Odair José de Almeida, mais conhecido como Pimenta, existem atualmente cinco áreas para pagamento de desapropriação, duas delas já para emissão de posse: Santo Antônio, no município de Carira, e Campo Alegre, em Pedro Alexandre.

“A ocupação do Incra e nossa marcha são ferramentas de luta que dão vazão a garantia de nossos direitos e a conquista de nossa dignidade. Enquanto houver gente com fome e gente sem-terra, estaremos mobilizados e organizando a rebeldia. Esse ano, nossa Jornada de Lutas [em Sergipe] reafirmou isso”, concluiu Pimenta.

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Foto: Márcio Garcez

*Editado por Wesley Lima