Estudos e debates marcam o segundo dia do Acampamento Nacional da Juventude do MST

Conjuntura, tarefas da juventude e desafios do período histórico foram abordados em mesas temáticas e intervenções de agitação e propaganda
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Foto: Matheus Alves

Por Reynaldo Costa
Da Página do MST

 

Com bastante mística e animação, o Acampamento Nacional da Juventude Sem Terra teve nesta terça-feira, 07, um dia de um aprofundamento nos temas da conjuntura brasileira e nas definições das tarefas da juventude na construção da Reforma Agrária Popular.
 

Gilmar Mauro, da coordenação nacional do MST, e Jessy Dayane, do Levante Popular da Juventude, fizeram apontamentos para a preparação da Juventude Sem Terra rumo à Marcha Lula Livre. Segundo eles, o próximo período exigirá muito da classe trabalhadora e, principalmente, dos jovens.
 

De acordo com a exposição de Gilmar, a crise pode ser definida como estrutural, sistêmica ou como crise de superacumulação do capital, no entanto há um entendimento comum de que se trata de um momento da história não tem solução em curto e médio prazo, por isso vem provocando graves consequências para os trabalhadores.
 

O desemprego é uma dessas. Segundo ele, uma parte considerável da população mundial não tem mais emprego e nem tem perspectiva de ter. “O capitalismo, mesmo em crise, organiza sua produção a fim de não ter superprodução, ele vem produzindo de acordo com a demanda do mercado”, explica.
 

Outra situação resultante da crise é o processo de concentração de terras no Brasil. Cerca de 2400 fazendas detêm mais de 50 milhões de hectares, o que representa 14% das terras do país. Para superar esta situação, o coordenador do MST aponta a unidade da esquerda, em especial no enfrentamento da luta política eleitoral de 2018.
 

Jessy Dayane afirmou que há uma disputa histórica em evidência, a luta entre nação e império. Ela lembra que o Brasil nasce como colônia, como espaço a ser explorado para exportar riquezas a outros países, em detrimento de sua emancipação. É o que apontam os golpistas, ao tentar aplicar o modelo neoliberal. “Assim, nossa tarefa se mantêm nessa luta de nação contra o império, a luta por um Brasil para o povo brasileiro”.
 

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Intervenções de Agitação e Propaganda animaram os debates. Foto: Luis Fernando

Após as falas, a brigada de Agitação e Propaganda Carlos Marighella fez uma intervenção, que simulou um leilão das empresas do Brasil, a Petrobrás e a Eletrobrás. Elas foram arrematadas pelos EUA em troca de um cacho de bananas. Trata-se de uma denúncia do papel do imperialismo norte americano na garantia privilégios para as elites, entrega das riquezas para banqueiros, agronegócio e políticos corruptos.
 

A Juventude como sujeito
 

No período da tarde, a plenária abordou as tarefas da juventude do MST na construção da Reforma Agrária Popular. O trabalho contou com a mediação de Luiz Zarref, do Setor de Produção do Movimento. Ele fez um recorte histórico de diversas lutas travadas pelos povos brasileiros como Canudos, Guerra de Contestado e de Trombas e Formoso.
 

Débora Nunes, da Direção Nacional do MST, trouxe as demandas mais emergentes na construção da Reforma Agraria Popular, entre elas o de compreender a realidade de todos os estados onde o Movimento está organizado. “Não tem uma receita específica para cada canto do Brasil, o MST está em todas as regiões do país, portanto, é a partir da realidade de cada assentamento e acampamento que avançaremos na Reforma Agrária Popular, e que a juventude é importantíssima nesse processo”.
 

Um terceiro assessor da mesa foi Paulo Henrique, do coletivo nacional de juventude. Ele relembrou a Marcha de 2005, na qual 60 % dos marchantes eram jovens. Também apontou que todos os presentes devem se colocar como sujeitos do momento histórico. “Nós, jovens, temos que assumir as tarefas que a conjuntura nos impõe, desde a organicidade dos assentamentos e acampamentos até as tarefas técnicas das cooperativas e associações”.
 

Paulo Henrique direciona também para o avanço nas lutas de massas, às quais os jovens devem protagonizar. “É assim que vamos avançar: estudando e intervindo na realidade”, conclui. Com o lema “Juventude Sem Terra: organizando a rebeldia para o Projeto Popular”, o acampamento vai até quinta-feira, 09, quando todos partirão para a Marcha Nacional Lula Livre.
 

*Editado por Geanini Hackbardt