Talia Machado: feminista, camponesa e revolucionária

Da infância Sem Terrinha à militância feminista, "não cabe mais seguir os moldes do patriarcado, temos de pautar o debate dentro do movimento"
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Foto: Matheus Alves

Por Rarielle Rodrigues
Da Página do MST

 

Com objetivo de se preparar para a marcha nacional Lula Livre, 500 jovens de 11 estados do Brasil constroem o 2° Acampamento Nacional da Juventude do MST, que acontece entre os dias 6 e 9 de agosto, no município de Corumbá, estado de Goiás.

 

Talia Josiane Machado, conhecida como Tatá, 20 anos, nasceu em Santa Maria, no Rio Grande do Sul. Ela foi criada em diversas cidades do estado e é uma das jovens que estão no acampamento nacional. Atualmente integra o setor de frente de massas, mas sempre esteve inserida organicamente no coletivo de juventude.

 

Seu primeiro contato com o MST foi aos sete anos de idade quando seus pais se inseriram na organização. Ela conta que foi acampar justamente num trabalho de massificação do estado do RS, num período de grandes ocupações, mas também de muita repressão.

 

Um dos momentos marcantes da sua vida foi o período de Sem Terrinha, onde entrou em contato com a mística e com a organicidade do movimento, mas ainda assim não estava submersa por completo na organização.

 

A imersão aconteceu quando foi estudar numa escola do MST, após do último congresso nacional em 2014. Ali se encontrou como parte da luta e começou sua militância. A jovem militante relata que sua experiência com o feminismo começou na mesma escola, após um episódio onde uma colega de sala foi vítima de machismo e essa ação desencadeou uma unidade das outras garotas que antes não existia.

 

Ao se unirem perceberam a força que a unidade feminina tem. Desde então começou a estudar sobre feminismo e hoje contribui também no coletivo de gênero do MST. No mesmo período Tatá começou a escrever poemas sobre a luta feminista.

 

“As mulheres assumindo o comando
Estamos todos os dias transformando
Estamos nos colocando como sujeitos da luta
Protagonistas
Revolucionárias
Estamos levantando umas às outras
Estamos nos fortalecendo.
Estamos rompendo as correntes patriarcais
Onde o machismo não vinga mais.
Em nossas veias pulsa o sangue da rebeldia.
Nós somos de luta, nós somos diversas, nós seremos o que quisermos ser, da forma única e linda que encontramos de ser mulher.
Não recuaremos, resistiremos.
Nós mulheres, por essência, somos lutadoras!”

 

Para Talia a construção do debate feminista dentro do plano de Reforma Agrária Popular é muito importante e fazer com que o debate continue a crescer no movimento é dar um passo para o socialismo. “Uma revolução não acontecerá sem a equidade entre os gêneros, não há como sonhar uma transformação da sociedade sem que a luta de cada sujeito seja reconhecida e respeitada”, explica a jovem.

 

“Por isso é importante para nós mulheres Sem Terra entender que não cabe mais seguir os moldes do patriarcado, temos de pautar o debate dentro do movimento, reconhecendo a nossa identidade de feminista, camponesa e revolucionária”, conclui.

 

*Editado por Geanini Hackbardt