“A gente conta os minutos para a Feira da Reforma Agrária”, conta assentada de Alagoas

Vanda é uma das assentadas que ocupará a Praça da Faculdade, entre 5 e 8 de setembro, durante a Feira em Maceió
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Vanda em sua banca, na Feira em Arapiraca, no interior no estado.

 

Por Gustavo Marinho
Da Página do MST

 

Já em preparação para a 19ª edição da Feira da Reforma Agrária em Maceió, centenas de trabalhadores e trabalhadoras rurais Sem Terra de todo o estado de Alagoas já organizam a produção dos acampamentos e assentamentos para comercializar na capital.

Vandélia Maria é uma das assentadas que ocupará a Praça da Faculdade, do dia 5 ao dia 8 de setembro, durante a Feira em Maceió. Conhecida como Vanda, a camponesa já participou de dez edições da Feira organizada pelo MST na capital alagoana, além das diversas feiras nos municípios realizadas pelo MST.

“Essa Feira é contagiante, mesmo antes dela começar, no assentamento a gente conta os minutos para a Feira chegar”, comenta Vanda.

Das dez edições que participou, Vanda lembra com destaque da edição do ano de 2014. “Foi o ano em que a gente mais levou laranja aqui do assentamento, foram 25 mil unidades de laranja, não esperávamos que daria isso tudo. Ficamos tão surpresos com o resultado e mais ainda quando vendemos tudo na Praça”.

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Na 2ª Feira em Arapiraca, Vanda levou toneladas de
laranja para comercialização.

Para ela o mais marcante da Feira é a quantidade de feirantes vindo de todas as regiões do estado. “É muito bonito de ver aquela quantidade de barracas, os produtos sendo divulgados, o povo vendendo e comprando com alegria”.

Vanda desde os 7 anos de idade vive na luta, primeiro quando estava com seu pai que hoje é assentado na região do Litoral de Alagoas e agora já assentada com seu companheiro no município de Joaquim Gomes, na Zona da Mata Alagoana, onde vive há seis anos no Assentamento Fidel Castro. Aos 28 anos de idade, a jovem Vanda integra o Setor de Produção do seu assentamento e contribui na organização dos camponeses e camponesas de sua região para a 19ª edição da Feira da Reforma Agrária.

“Somente do município de Joaquim Gomes teremos aproximadamente 32 feirantes nessa edição”, explica Vanda. “Já tá todo mundo preparado e animado pra vir na Feira desse ano e repetir o sucesso de sempre”.

Na relação dos produtos de sua banca esse ano, Vanda conta com satisfação do que levará para Maceió: “Vai ter batata, milho, cará, 200 quilos de feijão e cerca de 15 mil laranjas”, destaca.

“Hoje lá no assentamento a gente produz de tudo um pouco. Cada lote tem bastante coisa e é sempre um prazer poder participar da Feira, pois além de ser um momento muito importante é uma possibilidade da gente comercializar a nossa produção, que hoje é um dos nossos grandes desafios no assentamento”, diz.

Segundo Vanda a falta de incentivo à comercialização da produção dos assentamentos é hoje a principal barreira para o avanço do assentamento onde vive. “No ano de 2017 perdemos muita batata em nossos lotes, devido a falta de espaços para a comercialização. Mesmo as feiras livres nas cidades, não comportam a quantidade de produção que temos em nossos assentamentos. Precisamos de políticas que ajudem na comercialização dos nossos produtos, com isso é certeza que a gente produzirá ainda mais comida boa para o povo”.

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19ª edição deve ser ainda maior que a Feira de 2017.

Preparação em todo o estado

Assim como Vanda, diversos camponeses e camponesas são esperados para a 19ª edição da Feira do MST em Maceió. De acordo com Margarida da Silva, da Direção Nacional do MST, esse ano a Feira deve ser ainda maior que a Feira do ano de 2017, quando recebeu cerca de 150 feirantes de todas as regiões do estado.

“A organização nos acampamentos e assentamentos têm mobilizado centenas de trabalhadores e trabalhadoras Sem Terra. Do Litoral ao Sertão devemos a diversidade de produção com os frutos da luta pela terra em Alagoas. Certamente vamos ultrapassar os números da Feira do ano passado no que diz respeito ao número de feirantes”, comenta Margarida.

A Feira acontece do dia 5 ao dia 8 de setembro em Maceió e conta em sua programação, além da comercialização dos produtos, com o Festival de Cultura Popular, a Tenda de Educação Popular em Saúde, restaurante, rodas de conversa e exposição de experiências.

 

*Editado por Wesley Lima