Em visita a assentamento, candidatos reforçam comprometimento com a Reforma Agrária Popular

Agenda aconteceu na manhã desta terça-feira em Nova Santa Rita, no Rio Grande do Sul
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Foto Maiara Rauber 
 
 
Por Catiana de Medeiros
Da Página do MST

O projeto de Reforma Agrária Popular do MST foi pauta dos candidatos do PT ao governo do Rio Grande do Sul e candidata da chapa majoritária de Lula à presidência da República. Eles visitaram nesta terça-feira (4) o Assentamento Capela, em Nova Santa Rita, na região Metropolitana de Porto Alegre.

A atividade, que foi organizada pelo MST em consideração à proposta de transição ecológica do Plano Lula de Governo e do compromisso de Miguel Rossetto com os assentamentos da Reforma Agrária, contou com a presença de Manuela D’Avila, que representou Fernando Haddad e o presidente Lula; de Rossetto e Ana Affonso, que disputam aos cargos de governador e vice ao governo gaúcho, além de candidatos ao Senado Federal, Assembleia Legislativa e Câmara dos Deputados, e de João Pedro Stedile, coordenador nacional do MST. 

 

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Foto Leandro Molina 

Os candidatos passaram pela agroindústria de beneficiamento de arroz orgânico da Cooperativa de Produção Agropecuária Nova Santa Rita (Coopan). O MST é hoje o maior produtor de arroz orgânico do Brasil e da América Latina, sendo que 300 hectares são produzidas por 30 das 100 famílias que vivem no Assentamento Capela. Durante a visita, os candidatos acompanharam o empacotamento do alimento, que será enviado à prefeitura de São Paulo para alimentação escolar. 

Após, seguiram em caminhada até o ginásio de esportes da cooperativa. No caminho, moradores do assentamento mostraram aos candidatos duas casas de filhos de assentados que foram viabilizadas por meio de programa de habitação para jovens da Coopan e o local onde está sendo construído um abatedouro e um frigorífico para produção de mais de 30 tipos de embutidos. “No começo nós abatíamos porcos debaixo de árvore, e logo poderemos abater mais de 250 por dia. Isso mostra que a Reforma Agrária dá certo”, disse Nilvo Bosa, presidente da Coopan. A expectativa, segundo ele, é que as obras do novo empreendimento, que empregará inicialmente 40 pessoas, estejam concluídas até o segundo semestre de 2019.

Campanha pela Reforma Agrária

 

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Foto Leandro Molina 

Já no ginásio de esportes, João Pedro Stedile, acompanhado de centenas de famílias, falou aos candidatos em nome do MST. Ele reforçou que o Brasil vive uma eleição atípica e marcada pela luta de classes, em que se enfrentam os interesses da burguesia e dos trabalhadores. “Nós compreendemos que deveríamos arregaçar as mangas e participar ativamente dessa campanha eleitoral, porque não está em jogo apenas siglas, candidatos ou números. Está em jogo o futuro do país, se será um governo a favor dos trabalhadores ou se seguirá o golpismo com políticas contra a classe trabalhadora”, declarou.

Stedile afirmou ainda que o MST luta por um governo que represente os trabalhadores. Logo, com a possível eleição da chapa de Lula, uma das primeiras medidas a se tomar seria a convocação de um plebiscito popular para revogar medidas que Michel Temer e sua base aliada implantaram no país, além de uma assembleia constituinte para realizar uma profunda reforma política, inclusive no poder Judiciário. Stedile complementou que o MST também está engajado nesta campanha por “razões da classe camponesa”, uma vez que a política de Reforma Agrária está totalmente paralisada.

“A Reforma Agrária não depende apenas de ocupações. Depende também da aliança entre o governo popular e o movimento camponês organizado, que pressiona. Aqui [o Assentamento Capela] é nosso exemplo prático da Reforma Agrária Popular que nós sonhamos, que não só distribua a terra do latifúndio, mas que abandone o veneno e adote a agroecologia como matriz de produção. Essa comunidade consegue produzir carne para abastecer na periferia de Porto Alegre e região 400 mil pessoas. Nós sonhamos em produzir alimentos sadios para o povo”, disse.

Compromissos

Miguel Rossetto, ex-ministro do Desenvolvimento Agrário e atual candidato do PT ao Palácio Piratini, destacou que o trabalho realizado pelas famílias assentadas e pela Coopan é motivador. “Vim aqui várias vezes e em todas eu encontrei avanço, qualidade de vida e mais produção, produção orgânica e com mais qualidade. Isso nos encoraja, porque quando entramos num assentamento como esse, não estamos só vendo uma outra forma de produção, uma riqueza muito bem distribuída, a produção de alimentos saudáveis e a saúde. É uma Reforma Agrária que dá certo”, ressaltou.

Manuela acrescentou que o comprometimento dela, de Lula e de Haddad também é com a Reforma Agrária e que é preciso “retomar o Brasil e construir um governo popular e democrático”, que valorize a soberania nacional e a produção de alimentos saudáveis. “O compromisso é com a ideia de que é possível ter uma agroindústria que produza alimentos saudáveis com mais escala se nós investirmos em pesquisa, se democratizarmos o acesso à universidade. Reforma Agrária é possibilitar com investimentos púbicos que a terra produza e que produza mais e mais alimentos saudáveis, que chegue com preço menor para o trabalhador das nossas cidades. É permitir que esse alimento chegue à mesa das crianças das escolas públicas”, finalizou.

Confira aqui fotos da visita dos candidatos ao Assentamento Capela.