Haddad: “É inaceitável um país desse tamanho ter gente sem-terra”

Em visita ao assentamento Normandia, em Pernambuco, o candidato à Presidência falou com exclusividade sobre alguns pontos crucias da corrida eleitoral

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Por Maura Silva*
Da Página do MST

 

No último sábado (22), o candidato à Presidência da República Fernando Haddad (PT) esteve no Assentamento Normandia, em Caruaru (PE).

Haddad acompanhou o processo de produção que acontece no assentamento e que atualmente chega 16 municípios pernambucanos.

O Assentamento Normandia, que em 2018 completa 25 anos, conta com centro de formação, cooperativa, associação de moradores, agroindústria, escola multisseriada e toda uma estrutura ativa de organização que acolhe não só os assentados, mas também os moradores das redondezas.

Durante a caminhada, Haddad falou com exclusividade sobre alguns pontos crucias da corrida eleitoral. Acompanhe:

Qual o contexto da sua candidatura nas eleições 2018?

Nós insistimos até o último minuto na candidatura daquele que nós queríamos reconduzir ao Palácio do Planalto, que é o presidente Lula. Tivemos sucesso junto à Organização das Nações Unidas (ONU) para que o Lula fosse candidato e as autoridades brasileiras decidiram rejeitar um tratado internacional aprovado pelo nosso Congresso e indeferiram o registro.

Diante dessas circunstâncias nós lançamos uma chapa. Manuela D&”39;Ávila (PCdoB) e eu vamos disputar a Presidência porque nós temos o mesmo projeto validado pelo presidente Lula, que é o projeto que representa a grande maioria do povo brasileiro. E, para não deixar o povo sem alternativa, nós recolocamos esse projeto na disputa presidencial porque o que de fato importa são as ideias que nos movem e Lula está conosco nessa jornada.
 

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Os governos de Lula e Dilma foram muito importantes para integração latino-americana, em uma possível vitória, quais são as suas prerrogativas do governo com os países da América do Sul?

Eu estou convencido de que nós vamos ter que radicalizar a integração. Não é mais tempo de medidas unilaterais, vamos ter que chamar os nossos parceiros à mesa. Se não tivermos forças para negociar, vamos se engolidos por três titãs: Estados Unidos, União Européia e China. O Brasil é um país forte, mas sozinhos não temos forças para enfrentar a concorrência internacional. Logo, Argentina, Uruguai, Paraguai e todos os outros países da América Latina vão precisar entra nesse processo.

Estamos em um assentamento do MST que mostra o poder transformador da Reforma Agrária Popular. Diante disso, quais as suas políticas de governo para o campo?

Nós vamos sobretaxar as propriedades improdutivas. É inaceitável um país desse tamanho ter gente Sem Terra e com tanto latifundiário que não produz nada. Nós vamos criar o imposto rural progressivo no tempo, quanto mais tempo uma área ficar improdutiva, mais imposto vai ter que pagar.

Quem não reflorestar também vai pagar imposto progressivo, porque nós queremos desmatamento zero. O que precisamos e vamos fazer no Brasil é distribuir terra. Dar função para os latifúndios já desmatados e evitar novos desmatamentos. Assim, vamos alcançar dois objetivos, produzir mais alimentos sem a necessidade de cortar uma única árvore.

 

 

*Com colaboração de Telesur
**Editado por Rafael Soriano