Nossa existência é resistência!

Curso para militantes LGBT Sem Terra aponta a Reforma Agrária Popular como instrumento de luta contra o patriarcado

 

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Curso é parte do processo de formação e construção do debate sobre a Diversidade Sexual no MST

 

Por Wesley Lima
Da Página do MST
Fotos: Régis Phillipe

Cerca de 70 lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais (LGBT), assentados e acampados nas áreas de Reforma Agrária do MST, participam da 4º turma do Curso para Militantes LGBT Sem Terra, na Escola Nacional Florestan Fernandes (ENFF), em Guararema, no interior de São Paulo. 

Com uma programação repleta de estudo e atividades diversas, que teve início na noite desta última terça-feira (16) e se estende até sábado (20), o curso é parte do processo de formação e construção do debate sobre a Diversidade Sexual no MST, com o objetivo de apontar alternativas na superação da intolerância, o preconceito, a violência e o fortalecimento da luta do Movimento na defesa da Reforma Agrária Popular.

Temas como a análise do atual momento político, a diversidade sexual, questão racial, identidade de gênero, orientação sexual, patriarcado e a luta pela terra, são discutidos com a militância Sem Terra com o objetivo de apontar elementos da luta popular no contexto do acirramento de luta de classes. 

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 “Nossa tarefa é mostrar que assim como rompemos as cercas do
latifúndio improdutivo, precisamos romper as cercas que impedem cada
trabalhador e trabalhadora de viver plenamente, com dignidade, e amar”.

De acordo Alessandro Mariano, gay e integrante do coletivo LGBT Sem Terra, a formação política é um dos pilares da emancipação humana. “Quando iniciamos as atividades do curso com as LGBTs Sem Terra tivemos a certeza que a partir da formação política e teórica acumularemos elementos importantes em torno da luta pela construção de uma sociedade emancipada”, explica.

“Esses debates precisam ser realizados a partir da auto-organização dos sujeitos LGBTs para que possamos apontar para o conjunto do MST o caminho, onde alinhamos as questões relacionadas a luta história pela Reforma Agrária com o enfrentamento ao patriarcado. Nossa tarefa é mostrar que assim como rompemos as cercas do latifúndio improdutivo, precisamos romper as cercas que impedem cada trabalhador e trabalhadora de viver plenamente, com dignidade, e amar”, afirma.

Na carta de abertura do curso, assinada pelo Coletivo LGBT Sem Terra, foi afirmada a necessidade de impulsionar as lutas contra o capital financeiro e a violência, principalmente, no processo eleitoral que tem consolidado uma onda de agressões contra a população. 

Diante desse cenário, o documento faz algumas afirmações: “Precisamos seguir lutando. Lutando pela superação das mais variadas formas de exploração e opressão, denunciar e não aceitar as mais variadas formas de violência, mudar nosso jeito de pensar e sentir a revolução subjetiva”.

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Nesta próxima sexta-feira (20), o Coletivo LGBT Sem Terra realiza a
Plenária das LGBTI+ contra o Fascismo. 

“Que nestes dias possamos vivenciar, partilhar e sentirmos o que somos e o que construímos de luta e história. Grande e belo é esse sujeito coletivo chamado MST, que por meio de sua organicidade interna e da vontade, determinação e ousadia do povo que forja sua libertação e se torna sujeito de sua própria história”, enfatiza a carta.

Confira o Carta abertura Curso LGBT na íntegra aqui.

Plenária Popular contra o Fascismo

Com o objetivo de denunciar e garantir a participação da população LGBT nas lutas populares no contexto das eleições, o Coletivo LGBT Sem Terra realiza nesta próxima sexta-feira (20), às 16h30, durante o curso, a Plenária das LGBTI+ contra o Fascismo. 

Movimentos, organizações populares e partidos de esquerda já confirmaram presença no evento, que pretende reafirmar compromissos no campo da luta contra o fascismo, representado na candidatura de Jair Bolsonaro (PSL), e na defesa dos direitos historicamente conquistados pelos trabalhadores e pelas trabalhadoras do campo e da cidade, em especial da população LGBTI+.

*Editado por Iris Pacheco