Moção de apoio à ocupação da antiga usina Ariadnópolis quilombo Campo Grande

Desde a primeira ocupação já ocorreram cinco despejos ao longo de 20 anos e somente a resistência e a organização popular têm possibilitado conquistas

 

Da Página do MST 

 

Os conflitos nas áreas da antiga Usina Ariadnópolis se estendem a mais de 20 anos. A área da Usina possui cerca de 4.000 hectares, onde toda sua produção era destinada a monocultura de cana de açúcar, e produção de álcool.

O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra chega ao sul de Minas, no município de Campo do Meio, no ano de 1997, diante conflitos trabalhistas protagonizados pela antiga Usina Ariadnópolis, a Companhia Agropecuária Irmãos Azevedo (CAPIA) que até hoje ainda não foram totalmente resolvidos, ainda há trabalhadores e trabalhadoras que não receberam seus direitos. Nos organizamos através desses processos de luta e resistência que posteriormente, em 1999, resultaram na ocupação das terras improdutivas da antiga Usina após sua falência.

Desde a primeira ocupação já ocorreram cinco despejos ao longo de 20 anos e somente a resistência e a organização popular têm possibilitado conquistas. Em 2017-2018, as famílias sem terra produziram mais de 8.500 mil sacas de café, 55 mil sacas de milho e 500 toneladas de feijão. Além de uma diversificada produção de hortaliças, verduras, legumes, galinhas, gado e leite. Ao longo desses anos também foram construídas parcerias com organizações e instituições da região que incentivaram a produção, o fomento da educação popular e a melhoria de infraestrutura para as famílias.

Em setembro de 2015 o movimento tinha em mãos o Decreto Estadual 365 que desapropria 3.195 hectares da falida Usina Ariadnópolis. O Decreto Estadual tinha como proposta desapropriar a área mediante o pagamento de R$ 66 milhões à empresa. Porém, acionistas da CAPIA não aceitaram o acordo e levaram o caso à justiça contra o governo de Minas Gerais, pedindo anulação do decreto.

Há dois meses atrás chegamos a firmar um acordo em que o Estado se comprometia a pagar o valor em cinco parcelas, mas com o avanço da onda fascista junto ao processo eleitoral, através de um conluio jurídico entre o agronegócio, a bancada ruralista e latifundiários da região, fizeram uma manobra política julgando e anulando o decreto, sendo que o mesmo já havia passado por dois julgamentos que validaram a importante ação do governo de Minas Gerais.

Através de uma operação jurídica duvidosa retomaram uma ação de despejo de 2011, com afirmativas mentirosas, e pretendem retirar as famílias que já vivem na área a mais de 20 anos. Esses são os primeiros passos das ações fascistas do Estado, da criminalização da luta pela terra e pela Reforma Agrária.

As entidades e parceiros(as) que assinam abaixo, vem manifestar o total apoio a permanência dessas famílias na área e pedir a definitiva resolução de um dos conflitos mais antigos do Brasil.

Somos e seremos resistência!

Lutar! Construir Reforma Agrária Popular!

 

Organizações e parceiros(as) que assinam:

CUT – Central Única dos Trabalhadores
CTB – Central dos Trabalhadores do Brasil
SindUTE/MG – Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais
Marcha Mundial das Mulheres
SINPRO/MG – Sindicato dos Professores do Estado de Minas Gerais
Levante Popular da Juventude
Movimento dos Trabalhadores por Direitos