PM suspende despejo no acampamento Zé Maria do Tomé e famílias seguem na resistência

Na última semana as famílias estavam apreensivas com o mandato de reintegração de posse, pois residem na área há quase cinco anos
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Durante Ato Político, os acampados realizaram uma mística e compartilharam alimentos. Foto: Divulgação MST

 

Por Aline Oliveira
Da Página do MST

 

Na manhã desta última quinta-feira (21), o acampamento Zé Maria do Tomé, localizado em Limoeiro, no Ceará, amanheceu cercado por viaturas da Polícia Militar para realizar um despejo em uma área da União, que está localizada em um perímetro irrigado com forte a presença do agronegócio. 

As famílias resistem e negociam para impedir o cumprimento de uma ordem judicial. Após averiguação do local, o comando da PM avaliou que não havia possibilidade de realizar o despejo.

Na última semana as famílias estavam apreensivas com o mandato de reintegração de posse, pois residem na área há quase cinco anos, produzindo alimentos saudáveis com base na agroecologia, além de terem construído casas, espaços coletivos, dentre outras estruturas.

Apesar do Aparato da polícia ter sido suspenso, vale ressaltar que o mandato de reintegração de posse permanece.

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“Nós vamos resistir”, afirma o acampado
Manoel Lincon. Foto: Divulgação MST

Para Adaílton Fernandes, da coordenação do MST, é preciso manter a resistência, as articulações com as organizações, além de pressionar o Governo Federal através do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS). “Pressionamos para transferir a área para o Governo Estadual e este repassar a área para as famílias, com o objetivo de transforma-la num assentamento estadual”, pontua.

Ato político

Na mesma manhã, o acampamento contou com a presença de 300 apoiares de diversas organizações, parlamentares, igrejas, movimentos populares, entre outros, onde realizaram um grande ato político em defesa da permanência do acampamento e pela desapropriação imediata da área.

Emocionado, o acampado Manoel Lincon, durante o ato, disse: “Não vamos deixar os tratores do agronegócio derrubarem nossas plantações e nem nossas moradias. O mesmo juiz que expediu mandato de reintegração de posse é pago com dinheiro público, ou seja, nós pagamos a conta e eles querem tirar nossos direitos. Nós vamos resistir”.

No final do ato os acampados realizaram uma mística e compartilharam alimentos produzidos na terra ocupada, demostrando assim o sentido da luta e os motivos pelos quais desejam permanecer na área.

 

*Editado por Wesley Lima.