Festival de Arte e Cultura afirma a luta e resistência da classe trabalhadora

A atividade que começou na sexta-feira, 14, afirma que produzir alimentos saudáveis, arte e cultura é resistir na luta pela terra e transformação social.

 

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Encerramento da atividade cultural na noite deste sábado, 15, onde artistas de renome de MG estiveram no palco João das Neves. Foto: Dowglas Silva

 

Por Coletivo de Comunicação de MG
Da Página do MST

O II Festival Estadual de Arte e Cultura da Reforma Agrária do MST de Minas Gerais, se encerra nessa noite de domingo, 16, com muita alegria, cantoria e rebeldia. 

A atividade trouxe como tema a disposição de todos os Sem Terra de Minas Gerais a seguir lutando, com o lema “30 anos do MST MG: Semeando e Alimentando a Resistência”. Essa é uma forma de mostrar que o movimento segue organizado para garantir o acesso à cultura, alimentação saudável, produtos sem venenos a preços acessíveis para toda classe trabalhadora.

Nesse sentido, o Festival se insere dentro de uma conjuntura adversa, que impõe a retirada de direitos do povo brasileiro desde o início do golpe sobre a democracia. Os retrocessos vão desde o fechamento do Ministério de Desenvolvimento Agrário, sucateamento do INCRA, a tentativa de privatização dos assentamentos e até a criminalização do MST, tentando qualificá-lo como terrorista.

“O festival vem como uma forma de enfrentamento e resistência que busca dialogar com toda sociedade a partir da produção de alimentos saudáveis, cultura camponesa e urbana, escolas que nos ensine a pensar, medicina tradicional e popular feita pelo povo e para o povo”, conta Ester Hoffmann, da Direção Nacional do MST.

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Moqueca capixaba na cozinha Culinária da Terra.
Foto: Joyce Fonseca

Com 400 militantes envolvidos na construção, o Festival da resistência foi prestigiado por mais de 50 mil pessoas durante os três dias de evento. A Cozinha da Roça trouxe sabores de 8 regiões mineiras e a moqueca especial do Espírito Santo. Ao todo, foram 30 opções de pratos típicos, degustados por cerca de 15 mil pessoas.

Pelo ao menos 105 artistas militantes se envolverão nas mais de 30 apresentações culturais, abrilhantaram e animaram o público do Festival nesses três dias. Além disso, a Feira da Reforma Agrária trouxe 50 toneladas de produção, entre elas uma tonelada do Café Guaií, e uma diversidade de mais de 150 produtos, de 120 acampados e assentados do MST.

Da viola ao Hip Hop 

A tarde deste terceiro e último dia do Festival foi marcada pelas cantorias de três apresentações que trouxeram músicas marcadas pelas riquezas da terra, comunhão com os companheiros e companheiras de luta, repúdio a todos as perdas de direitos que os sem terra vêm sofrendo ao longo dos anos e um chamamento à resistência visto o atual cenário político. 

O cantor Pedro Boi abriu a série de shows e destacou o clima amigável e agregador do evento. O artista que dialoga com o movimento há mais de 25 anos, conta que tem sido convidado cada vez mais a participar das atividades e que se sente muito honrado por isso. “Sempre que o movimento me chamar, estarei junto”, ele frisa. 

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O momento “Viola Enluarada” trouxe cinco violeiros de renome
das Minas Gerais. Foto: Joyce Fonseca

A Viola Enluarada trouxe cinco violeiros que tocaram canções tradicionais dos assentamentos e da cultura mineira. O quinteto empolgou o público que interagiu do começo ao fim da apresentação. “Quem está aqui acredita e luta pelos mesmos ideias que nós”, comenta Letícia Leal, uma das violeiras da violada. Leal disse ainda que o clima de união, tão manifesto no evento, expressa o real lema “ninguém solta a mão de ninguém”. 

“Não há mais nada Hip Hop do que o MST: é o pessoal que está no fronte, que vai à luta, arrisca a vida,  que está no corre e no grito. É povo do meu povo”, destaca a rapper Tamara Franklin. 

Ela e Celso Moretti fizeram a apresentação Reggar a Esperança que trouxe o Hip e Hop e o reggae para juntarem-se e fortificarem a comunicação das opressões em um tom combativo mas que também é festivo na medida em que as alegrias e vitórias conquistadas são evidenciadas. 

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Feira da Reforma Agrária aconteceu durante os três dias do Festival e disponibilizou diversos produtos da terra. Foto: David Robins 

*Editado por Iris Pacheco