Primavera das Mulheres e Araras Grandes: cultura de resistência

Festival da Reforma Agrária vem para reforçar que a luta é conjunta e precisamos estar unidos para nos fortalecer.

 

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Foto: Joyce Fonseca

Por Mariana Assis
Da Página do MST

A tarde do segundo dia do  Festival  de Arte e Cultura da Reforma Agrária iniciou-se com a apresentação “Primavera das Mulheres”. O show contou com quatro artistas vindas do norte a sul de Minas Gerais, que ecoaram suas vozes com gritos de alegrias, tristezas e denúncias acerca da condição da mulher na sociedade. 

Priscila Magela destacou a riqueza e importância do evento sobretudo no atual contexto que assombra pelo obscurantismo. “É uma força muito grande, estamos tomando o lugar que é nosso apesar do cenário. Representar a música “barraqueira” é uma honra. Me senti em casa, ainda mais por estar ao lado dessas mulheres tão guerreiras.” 

“Nós somos porque somos”, sintetiza Andréia Roseno sobre o significado do MST. Segundo Roseno, a união das pessoas e protagonismo das mulheres é fundamental para que a estrutura opressora do machismo seja destruída. O evento, vem para reforçar que a luta é conjunta e precisamos estar unidos para nos fortalecer. “O movimento vem agregando essas vozes, agregando esses corpos e os colocando em luta e marcha”, afirma.

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Foto: Isabelle Medeiros

Araras Grandes

O coral Araras Grandes nasceu em 1997, no Vale do Jequitinhonha e deu seguimento às programações da tarde. O grupo faz apresentações que unem teatro e canto.  A intenção inicial era de reunir jovens para cantar na missa, conta Luciano Silveira, orientador do coral. No entanto, a dimensão do projeto foi tamanha, que e acabou por incorporar questões sociais e políticas. Assim, distanciou-se do caráter religioso e aproximou-se da pesquisa folclórica.

Os espetáculos são usados não só para divulgarem a cultura do Vale do Jequitinhonha, como também para denunciar as mazelas existentes na região. Há três anos, um dos integrantes do coral teve seu irmão assassinado na porta da sede do coral. A partir desse caso, começou-se a refletir sobre a responsabilidade do coral dentro dos lugares em que se insere e como poderia adicionar aos shows questões que lhe afligem.

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Foto: Isabelle Medeiros

Na apresentação de hoje, por exemplo, o grupo fez uma homenagem à Zilda da Cruz, assassinada pelo marido ao se recusar a esquentar a comida, em 2015. os dois filhos do casal assistiram à cena.  O caso foi lembrado pelos Araras grandes com emoção e repúdio. Fome, repressão policial, racismo, homofobia também se fizeram presentes.

Para Nayara Lopes, há três anos no coral, a troca com o público é gratificante na medida em que o público sente e responde às provocações realizadas. Um coro de Lula Livre ecoou durante a apresentação assim como palavras de ordem contra aos desmontes realizados pelo governo  que criminalizam o MST. 

*Editado por Iris Pacheco