Cineasta brasileira leva luta do MST à Berlim

O longa, exibido no Festival de Berlim, foi filmado em acampamentos do MST, em Goiás

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Da Página do MST

 

Gravado em 2014, a partir da vivência da cineasta e diretora de fotografia brasileira, Camila Freitas, nas ocupações de terras do MST, o documentário “Chão” chamou atenção para a importância da luta pela terra no Brasil, ao ser exibido do último domingo (10), no  69.º Festival Internacional de Cinema de Berlim. O longa, exibido na seção &”39;Fórum&”39;, foi um dos 12 filmes brasileiros selecionados para a mostra.

Freitas explica que o documentário, que reuniu cerca de 3500 pessoas no município de Corumbá, e mais 600 famílias na ocupação Leonir Orbak, em Santa Helena de Goiás, foi feito a partir do processo de convivência com as famílias Sem Terra. “O filme busca pensar a luta por Reforma Agrária a partir das novas relações que se estabelecem entre as pessoas e à terra ocupada. Tentamos lançar um olhar próximo e, claro, parcial, sobre esse organismo complexo que é o MST”, ressalta.

 

A coordenadora do setor de Educação do MST em Goiás, Bet. Cerqueira, narra com alegria que a aceitação do público no festival foi muito boa. Segundo ela, muitas pessoas ficaram impressionados não somente com o documentário, mas com a capacidade de persistência, perseverança e o compromisso do MST com a classe trabalhadora e a Reforma Agrária.

 

Para Bet., “Chão” é um trabalho muito sensível e muito humano, que teve o envolvimento das famílias Sem Terra, como sujeitos protagonistas. “Não é um filme que fala de nós, mas um filme que a gente construiu junto. Por isso, tem essa sensibilidade, clareza da luta e relevância nesse momento histórico tão conturbado que vive a democracia, estrear o “Chão”, com casa lotada e um público que ficou extasiado com o filme”, conta a coordenadora.

Em entrevista à Agência EFE, a cineasta Camila chamou atenção acerca da importância política na estreia do documentário sobre a luta do MST, em Berlim. “A exibição no festival é fundamental para dar visibilidade ao momento tão triste e delicado, que o Brasil vive, principalmente no que diz respeito aos movimentos populares. A situação para os Sem Terra nunca foi fácil e nestes 35 anos de existência, tiveram que enfrentar preconceitos, ameaças, assassinatos e uma exclusão sistemática”, lamentou Camila.

 

“Chão”

O filme “Chão” foi indicado ao prêmio de melhor documentário do festival. A partir do olhar de famílias que vivem em acampamentos do MST em Goiás, mostra o cotidiano com a terra e a produção de alimentos.

A diretora explica ainda que no início das filmagens o foco do documentário foi pensado para demonstrar os resultados da disputa na luta pela terra, vivenciada pelas famílias do MST, mas, que no decorrer das filmagens, se deslocou para uma abordagem mais sutil acerca dos elementos sobre a experiência de luta e resistência cotidiana em uma ocupação.