Governo Zema ataca escola do campo no acampamento Quilombo Campo Grande, em MG

Enquanto isso, moradores e educadores lutam para que a escola possa acolher mais alunos
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Atividade pedagógica com as crianças da Escola Eduardo Galeano
Foto: Geanini Hackbardt

 

Da Página do MST 

 

A escola do campo localizada no acampamento Quilombo Campo Grande, município de Campo do Meio-MG, foi fechada pelo governo de Romeu Zema (Novo) nesta quinta-feira (21). 

A Escola Estadual  Eduardo Galeano, estava recebendo as matrículas para continuidade das três turmas abertas e lutava para ampliar o atendimento à comunidade. Durante três anos de existência, professores e moradores do acampamento buscavam ampliar as vagas para atender a toda demanda local. No entanto, no início deste ano o governo retardou a abertura da designação de professores, o que gerou grande insegurança nos estudantes. 

A previsão inicial era de que a escola pudesse atender 309 pessoas, porém, recursos para alimentação e transporte nunca foram liberados. Seu funcionamento foi então garantido pela organização de acampados e de parceiros do MST. 

“A nossa escola foi construída com muita solidariedade, desde a reforma do espaço, pintura, enfim, toda a organização. Temos alunos de até 70 anos de idade que ficarão desolados. O governador já sabia desde as eleições que a educação e saúde são as maiores preocupações dos mineiros. E ele resolve o problema como? Fechando mais uma escola”, lamenta a professora e educadora Rosa Helena. 

Além da formação básica, prevista nas Diretrizes Operacionais da Educação do Campo (Resolução CNE/CEB n.º 1, de 3 de abril de 2002), a escola oferece cursos de extensão em parceria com o Instituto Federal de Machado, nas áreas de agroecologia e formação de administradores. 

“Esse fechamento é mais uma ação orquestrada entre governo do estado e governo federal, que vêm tentando criminalizar nossas crianças. Não podemos esquecer da mídia que também atua para distorcer tudo aquilo que construímos”, afirma a dirigente estadual Débora Mendes, fazendo alusão à recente matéria do Programa Domingo Espetacular da Rede Record de Televisão, que veiculou uma série de mentiras sobre o Encontro Nacional dos Sem Terrinha, realizado em 2018. 

 

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Para o governo, a escola não possui estudantes
Foto: Geanini Hackbardt  

Demandas paradas 

 

Outra escola do MST, no acampamento Maria da Conceição, aguarda as burocracias do governo para iniciar as aulas. De acordo com a direção do Movimento, os entraves são politicamente articulados. 

“Eles dizem que manipulamos nossos educandos, mas, na verdade, morrem de medo da educação de qualidade que construímos desde o início de nossa história. Nós atuamos para formar cidadãos com capacidade crítica, conhecimento dos seus direitos e compreensão da terra como um bem sagrado da humanidade”, ressalta Débora.

Ela analisa a ação como uma linha de atuação dos governos recentemente eleitos. “Bolsonaro, Zema, o prefeito Robson e seus comparsas tucanos querem que o povo siga desinformado, para manter seus laranjas, manter seus desvios de governo”.
 

O direito de ter a escola próxima ao local de moradia é assegurado pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e pela constituição federal. “Fechar escola no acampamento é um ato de covardia com as crianças, jovens e adultos que estão naquele espaço. Faz parte do pacote retirada de direitos. Nós não vamos aceitar que isso aconteça”, afirma Matilde Araújo, da direção estadual do setor de educação.  

Araujo lembra que a população brasileira possui altos índices de analfabetismo e a possibilidade de ter uma escola no acampamento faz com que os trabalhadores e trabalhadoras tenham a oportunidade de retornar seus e ter mais dignidade. 

“A escola nos assentamentos, no campo, no local de moradia é uma conquista histórica. Ter escola na comunidade possibilita os adultos estudarem, coisa que eles não poderão fazer se a escola for longe de suas moradias”, afirma.