A importância da união das mulheres contra a exploração e opressão

Em carta, Via Campesina Internacional ressalta a luta das mulheres contra o sistema capitalista e patriarcal
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Neste dia de ação global levamos para as ruas, praças, comunidades campesinas e zonas rurais a nossa força“, destaca o documento. Foto: Gustavo Marinho

Da Página do MST

A Via Campesina divulgou hoje (08) uma Carta Internacional em defesa da luta das mulheres em todo o mundo. A organização, que  visa articular os processos de mobilização social dos povos do campo em nível internacional, ressaltou no documento a necessidade de reformular os conceitos capitalistas sobre os alimentos no mundo.

Além de destacar a participação das mulheres nas conquistas e lutas dos campos, a organização finaliza a carta apoiando o manifesto “Para além do 8 de Março: rumo a uma Internacional Feminista”, publicada também neste dia 8 e assinada por 24 autoras, entre intelectuais, artistas e feministas.

Leia em português a Carta da Via Campesina:

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Arte das lutas do mês de março da Via Campesina.

CARTA DA VIA CAMPESINA PELA VIDA E A DIGNIDADE DAS MULHERES 

Os objetivos que deram origem ao Dia Internacional das Mulheres Trabalhadoras se mantém vigentes, e se convertem em bandeira de luta, das mulheres e homens, em todos os rincões do mundo, que resistem de forma organizada contra o capitalismo e o patriarcado.

É por isso que hoje as mulheres da  Via Campesina da África, América, Ásia e Europa saúda e se somam em unidade a todas as ações e mobilizações convocadas pelas mulheres trabalhadoras do campo e da cidade, em luta por nossos direitos e pela vida.

Neste 8 de Março, nós também paramos!

Neste dia de ação global levamos para as ruas, praças, comunidades campesinas e zonas rurais a nossa força, nossa resistência, nossa organização e a reafirmação de nossas bandeiras de luta. No atual contexto mundial de avanço do capitalismo em sua forma mais selvagem e avassaladora, tem aumentado as desigualdades sociais, os conflitos, a criminalização, a xenofobia e a homofobia contra quem luta por direitos e a vida, promovendo a guerra em um cenário de crise e colocando a milhões de pessoas em situação de miséria e violência, e como eles também a milhões de mulheres.

Por esta razão, nós mulheres da Via Campesina nos mobilizamos hoje, 8 de março, como fazemos historicamente, lutando, organizando e gritando: Basta de Neoliberalismo e basta de patriarcado! Levantamos nossa proposta de construção de um mundo melhor celebrando nossa Declaração sobre Direitos de Camponesas e Camponeses e outras pessoas que trabalham em zonas rurais, instrumento político reconhecido no seio das Nações Unidas que conquistamos com muita luta e organização. Esta declaração nos ampara em nossos direitos por uma vida digna, para que alimentemos os povos do mundo, cuidando da terra, das águas e dos bosques.

Para nós mulheres da Via Campesina os alimentos não podem ser mercadorias do mundo globalizado, onde a única coisa que interessa é o lucro, e não acabar com a fome de milhões de pessoas. Para nós, a produção de alimentos deve basear-se na Soberania Alimentar construída com agroecologia, e nesse cenário somos as protagonistas, promovendo a agricultura campesina, fundamentada no respeito aos direitos de camponesas e camponeses. Isto supõe uma mudança nas políticas territoriais para o meio rural com uma perspectiva feminista de um feminismo camponês popular, que promova e garanta os direitos de participação das mulheres nas decisões políticas.

Seguimos firmes em nossa missão de germinar a esperança e a libertação das mulheres do campo e da cidade em todo o mundo. E por isso, nos unimos de modo fraternal com todas as mulheres da “Internacional Feminista”, que busca demostrar que o trabalho das mulheres é um fator chave de sustentação e reprodução da vida e da  economia mundial. Somente com organização social, com formação e com estudo político, em unidade com outras organizações feministas de mulheres e de trabalhadoras poderemos avançar em uma vida digna para mulheres e homens.

Pela vida e a dignidade das mulheres, lutamos unidas contra a exploração e opressão!

Via Campesina Internacional

*Editado por Fernanda Alcântara