A grande festa da colheita

Na safra 2018-2019, estima-se que seja colhido cerca 16 mil toneladas de arroz agroecológico, reafirmando sua posição de maior produtor da América Latina
Evento celebrou a abertura oficial da colheita de arroz orgânico no estado. Foto - Leandro Molina.jpg
O evento celebrou a abertura oficial da colheita de arroz orgânico no RS. Foto: Leandro Molina

 

Da Página do MST*

 

Cerca de 1,2 mil pessoas celebraram nesta última sexta-feira (15), a 16ª Festa da Colheita de Arroz Agroecológico no Rio Grande do Sul. O evento aconteceu no assentamento Santa Rita de Cássia II, em Nova Santa Rita, na região Metropolitana de Porto Alegre. Ele foi promovido por trabalhadores e trabalhadoras Sem Terra gaúchos. 

Participaram da festa lideranças políticas como os deputados federais Dionilso Marcon e Elvino Bohn Gass; o deputado estadual Edegar Pretto; a prefeita do município, Margarete Simon Ferretti; representantes de prefeituras de São Paulo e do Rio de Janeiro; e o dirigente nacional do MST, João Pedro Stédile. Também marcaram presença chefes de cozinha e compradores do arroz orgânico para a utilização na merenda escolar.

Atualmente, 363 famílias dedicam-se ao cultivo de arroz orgânico em 15 assentamentos e 13 municípios do estado, em pouco mais de três mil hectares de área de banhado. Na safra 2018-2019, estima-se que seja colhida cerca de 16 mil toneladas do cereal, reafirmando sua posição de maior produtor da América Latina.

Ato político reuniu lideranças populares, deputados, universitários, chefes de cozinha e representantes de prefeituras de SP e RJ. Foto - Leandro Molina.jpg
Ato político reuniu parceiros e amigos do MST.
Foto: Leandro Molina

Segundo o coordenador do Grupo Gestor do Arroz Agroecológico, Emerson Giacomelli, a produção dessa safra foi menor do que a do ano passado – em 2018 foram colhidas 20 mil toneladas –, em decorrência de fatores climáticos. Assentamentos no município de Manoel Viana, às margens do Rio Ibicuí, por exemplo, sofreram com enchentes na virada do ano. 

Resistência

A festa deste dia 15 começou com uma mística, que relembrou a história de luta pela terra no estado e a saga das 101 famílias do assentamento Santa Rita de Cássia II, que fica à margem da BR-386. Em seguida, Stedile apresentou uma análise de conjuntura e disse que, embora a situação seja adversa aos movimentos populares, a “burguesia rentista que está no poder” também tem dificuldades de superar a crise, motivada por mudanças no modo de produção capitalista.

A análise do dirigente do MST antecedeu o lançamento do livro de “A produção ecológica de arroz e a Reforma Agrária Popular”, uma adaptação da tese de doutorado do militante Sem Terra Adalberto Floriano Greco Martins, que expõe a nova geografia da produção agrícola no estado.

Logo depois, a palavra foi aberta às lideranças políticas, que falaram sobre a importância da produção de alimentos saudáveis e o papel dos assentados de reforma agrária e da agricultura camponesa na resistência ao agronegócio.

Durante todo o evento, se ouvia músicas de luta e regionalistas, tocadas por artistas populares que apoiam o MST.  Já no almoço, foi servido um arroz carreteiro, acompanhado de feijão preto e salada.

Para beber, os agricultores ofereceram cerveja de arroz orgânico, produzida por uma cervejaria artesanal da vizinhança com o cereal colhido no assentamento. À tarde teve colheita simbólica de arroz na lavoura, marcando a abertura oficial dessa atividade no estado.

Colheita simbólica de arroz no Assentamento Santa Rita de Cássia II. Foto - Alexandre Adair.jpg
Colheita simbólica de arroz no assentamento Santa Rita de Cássia II. Foto: Alexandre Adair

 

*Com informações de Walmaro Paz, do Brasil de Fato RS