Chefes de cozinha e representantes de prefeituras conhecem produção orgânica do MST

Visita de profissionais de três estados ocorreu em assentamentos da Reforma Agrária no Rio Grande do Sul
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 Carmem Virginia, do Altar Cozinha Ancestral, Julio Bernardo, do Boteco do JB e Checho Gonzales, da Comedoria Gonzales, puderam ver de perto a produção agroecológica dos assentados

Por Maiara Rauber
Da Página do MST

 

Na semana da 16ª Festa da Colheita do Arroz Agroecológico, assentamentos do MST na região Metropolitana de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, receberam a visita de três dos maiores chefes do país, Carmem Virginia, do Altar Cozinha Ancestral, Julio Bernardo, do Boteco do JB e Checho Gonzales, da Comedoria Gonzales, puderam ver de perto a produção agroecológica dos assentados. 

O objetivo da visitação, que também contou com representantes das prefeituras de Itaboraí, Itaguaí, Campinas, São Paulo, Ilha Bela e Maricá no Rio de Janeiro, foi apresentar a produção de arroz, sucos e leite em pó feita pelos assentados. 

Essas cidades recebem os alimentos cultivados pelas famílias assentadas por meio do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE).

A programação do encontro, que começou na quarta-feira (13) contou com a apresentação do processo de criação do Grupo Gestor do Arroz Agroecológico e exposição das variedades de arroz que são produzidas pelos Sem Terra.

Além disso, os visitantes puderem conhecer os assentados e ver de perto as unidades de armazenagem e a indústria de beneficiamento da Cooperativa de Produção Agropecuária Nova Santa Rita (Coopan), em Nova Santa Rita.

Já na quinta-feira (14), o itinerário levou-os a conhecer os sucos orgânicos da Cooperativa Monte Vêneto, em Cotiporã, na Serra Gaúcha.  

Primeiro dia de visitação na semana da 16ª Festa da Colheita do Arroz Agroecológio. Foto - Maiara Rauber.jpg
Primeiro dia de visitação na semana da 16ª Festa da Colheita do Arroz Agroecológico
Foto – Maiara Rauber

O sabor do orgânico Sem Terra não está só no Sul

O MST fornece leite em pó e arroz orgânico para 64 escolas de Maricá, no Rio de Janeiro, alimentando aproximadamente 25 mil alunos. Para Loureci Soares, nutricionista do município, a visitação foi importante para conhecer os locais da produção e todo o seu processo, desde a lavoura até embalagem dos produtos. “O alimento fica mais saboroso depois que aprendemos como ele é produzido, depois de conhecermos a história de quem produz”, afirmou.

Outro ponto destacado pela nutricionista é a preocupação diante da grande quantidade de agrotóxicos que é consumida no Brasil. “Faz muito mal à saúde dos nossos alunos e também da população. Só que a gente tem que começar a conscientizar na escola, a servir esses alimentos”, pontuou.

Em São Paulo, o arroz e o suco de uva orgânicos da Reforma Agrária são destinados a 2.460 escolas municipais da capital paulista, beneficiando aproximadamente 500 mil alunos. Livia Esperança, coordenadora de alimentos escolares da Prefeitura de São Paulo, defendeu a utilização de comida saudável na rede pública de educação. “Nós prezamos pela qualidade, acreditamos que o alimento orgânico é fundamental e tem que estar presente nos cardápios escolares”, reforçou.

A chefe de cozinha Carmen Virginia, de Pernambuco, falou sobre o valor da democratização do alimento saudável. “A gente fica cada vez mais preocupado com o que está comendo, porque a comida tanto faz bem, quanto também mata. Então é importante nos preocuparmos com o outro também”, relata. Carmen ainda ressaltou o papel do MST em relação ao alimento saudável. “O MST também tem essa função de quebrar essa barreira, de transpor, de mostrar que a comida saudável é acessível para todos”, conclui.

Roteiro incluiu degustação dos novos produtos orgânicos da Monte Vêneto. Foto Maiara Rauber. Foto - Maiara Rauber.jpg
Roteiro incluiu degustação dos novos produtos orgânicos da Monte Vêneto.
Foto – Maiara Rauber

Democratização da alimentação saudável    

Uma forma de defender a produção agroecológica dos assentamentos é dar argumentação aos que defendem o alimento saudável. Para Carlos Pansera, do setor de produção da Cooperativa Terra Livre, proporcionar o conhecimento de todo o processo do cultivo orgânico aos chefes de cozinha e representantes das prefeituras é um passo importante para o Movimento. “A presença dessas pessoas, tendo o contato com a realidade e a materialidade da produção dos assentamentos, reforça ainda mais a perspectiva da defesa do Pnae, da nutrição e da alimentação escolar com base na produção das áreas de Reforma Agrária e na agricultura familiar”.

Nelson Luiz Krupinski, do setor comercial da Terra Livre e produtor de arroz orgânico, também destacou os processos que envolvem o cultivo sem veneno. “Mostramos pra eles tudo o que a gente faz de bom, de prático, de verdadeiro. É muito importante trazer essas pessoas que estão lá no dia a dia construindo a alimentação escolar para conhecer o trabalho da cooperativa, de quem opera as ações de venda e dos agricultores”, e concluiu ressaltando o papel da Reforma Agrária. “Produzimos orgânicos para nós, Sem Terra, mas também para quem está no entorno, para a comunidade e para os pobres”, Krupinski.

 

 

Editado por Fernanda Alcântara