Em Alagoas, MST exige direito de resposta e lança nota à sociedade

Vídeo do portal BR 104 faz afirmações infundadas sobre ocupação

Da Página do MST
 

Em resposta à publicação do Portal BR 104 que acusa o MST em uma região da Zona da Mata de Alagoas, relacionando uma ocupação com uma ação política no município de União dos Palmares, o Movimento lançou nota repudiando a postura do portal, onde cita o MST sem a organização estar envolvida no caso.

“No vídeo divulgado pelo portal BR 104 em seu canal do YouTube, não se trata de nenhum militante ou dirigente do MST em Alagoas. Assim, exigimos que o portal retire da descrição do vídeo e da matéria a referência ao MST, bem como o direito de resposta ao Movimento no portal”, destaca trecho da nota do Movimento.

Confira a nota na íntegra:

Nota à sociedade
 

Na última segunda-feira (24), o site de notícias BR 104 publicou uma notícia de título “Zé Alfredo sobre invasão do MST: ‘Quem está por trás disso tudo é Areski Freitas’”. A matéria assinada pela redação do portal, aborda a repercussão de um suposto vídeo onde é denunciada a ameaça do vice-prefeito de União dos Palmares, Zé Alfredo, à ocupação em um terreno que, segundo o portal, é propriedade do vice-prefeito.

Entre as afirmações apresentadas na matéria do “BR 104” está a de que o vídeo de denúncia é de lideranças do MST na região e de que a ocupação teria sido uma “trama” do prefeito da cidade, Areski Freitas, após uma reunião com o MST.

Assim, a partir da veiculação da matéria, o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) vem a público reafirmar que:

1 – No vídeo divulgado pelo portal BR 104 em seu canal do YouTube com o título: “Integrantes do Movimento Sem Terra denunciam Zé Alfredo: ‘Vão sair na bala’”, não se trata de nenhum militante ou dirigente do MST em Alagoas. Assim, exigimos que o portal retire da descrição do vídeo e da matéria a referência ao MST, bem como o direito de resposta ao Movimento no portal.

2 – No município, estamos acampados nas terras da Usina Laginha, pertencente a massa falida do Grupo João Lyra, com diversas famílias na luta pela terra da região, e nesses anos conquistamos o assentamento de tantos outros trabalhadores e trabalhadoras. Soma-se a luta pelas terras do Grupo JL, outros acampamentos coordenados pelos demais movimentos de luta pela terra de Alagoas.

3 – Ao longo da trajetória de luta, resistência, organização e conquistas do MST, que completa 35 anos de existência em 2019, nos consolidamos como um movimento autônomo e independente dos governos em qualquer esfera. Nossa ação de luta pela democratização da terra e pela produção de alimentos saudáveis, através da ocupação, reafirma a luta pelo cumprimento do que estabelece a Constituição Federal para realização da Reforma Agrária, respondendo às necessidades de centenas de homens e mulheres que encontram na organização a possibilidade de construir uma vida digna.

Repudiamos a veiculação do conteúdo pelo portal BR 104 sem consultar e averiguar as informações corretamente, ferindo a ética e o papel do jornalismo. Nos colocamos a disposição para qualquer dúvida e maiores informações.

Sabemos que essa postura reflete o modelo de comunicação que temos hoje no Brasil que não respeita a pluralidade e criminaliza aqueles e aquelas que lutam pelos direitos no campo e na cidade, por isso, enquanto organização popular de trabalhadores e trabalhadoras do campo também pautamos a democratização dos meios de comunicação para que possamos construir uma mídia verdadeiramente democrática e que respeite a voz do conjunto do povo brasileiro.

Por fim, reafirmamos nosso compromisso enquanto organização de seguir fazendo a luta pela Reforma Agrária, produzindo alimentos saudáveis e combatendo toda e qualquer forma de opressão.

Lutar, construir Reforma Agrária Popular!

Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra

Alagoas, 27 de março de 2019