Militante do MST no Rio Grande do Norte é homenageada com prêmio Ana Floriana

Maria Francineide Cordeiro recebeu prêmio concedido em Mossoró (RN) sobre importância das mulheres na luta por direitos

 

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Neide tem sua história de luta reconhecida e recebe um dos principais títulos de Mossoró. Foto: Edilberto Barros

 

Por Jailma Lopes
Da Página do MST

 

Maria Francineide Cordeiro, popularmente conhecida como “Neide”, da direção estadual do MST no Rio Grande do Norte, recebeu na manhã desta quinta feira (28) o prêmio de “Honraria de Mérito Feminino Ana Floriana”, em reconhecimento a sua história de vida e luta dedicada à reforma agrária popular na região.

A honraria de mérito Ana Floriana é considerada um dos títulos mais importantes da casa legislativa e é destinada a mulheres que contribuíram para o desenvolvimento político, social, cultural ou econômico da cidade. A indicação foi realizada pelo vereador Gilberto Diógenes (PT), em sessão solene ao Dia Internacional da Mulheres, e ratificada por unanimidade por toda a casa.

Para Diógenes, na conjuntura em que a reforma agrária é atacada e a luta do MST é criminalizada, é preciso reconhecer a luta das pessoas que lutam pela terra, e desenvolvimento que o campo promove para a região.

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 Foto: Edilberto Barros

“A história de luta de Neide, que veio para região contribuir na construção do movimento,  simboliza as lutas travadas pelas mulheres sem terra. Ela tem por todos esses anos lutado pela reforma agrária e mostra a importância que o MST tem para a sociedade”, afirma.

Para Neide, a honraria significa o reconhecimento a história de luta do MST na região e no estado do estado.

“É o reconhecimento de uma história de luta e organização, dos enfrentamentos que fizemos ao grande latifúndio, das conquistas em assentar mais de 2 mil famílias da região, e do empenho que o Movimento em lutar pela transformação da sociedade, no qual seguiremos firme”, diz.

Sobre a Honraria Ana Floriano

Ana Floriano liderou uma rebelião feminina mossoroense ainda na época do Brasil Império, em 1875. Nesta época, o Brasil ainda vivia sob cicatrizes recentes causadas pela Guerra do Paraguai, e o Império, através do Decreto n. 5.881, de 27 de fevereiro daquele ano, impôs o recrutamento militar para o exército.

Essa ordem gerou vários motins e revoltas pelo país, e em Mossoró foi organizado e protagonizado pelas mulheres, que denunciavam a piora das condições de vida que a convocação provocaria em suas famílias.  

Assim, em pouco tempo, cerca de 300 mulheres, lideradas por Ana Floriano, organizaram um movimento com características semelhantes ao movimento Quebra-Quilos, segundo historiadores. O  esquadrão  feminino  destruiu editais de convocações nas igrejas, realizaram marcha à casa do juiz e destruíam livros e documentos relativos ao assunto.

 

*Editado por Fernanda Alcântara