MST propõe projeto de desenvolvimento integral para assentamentos do Paraná
Por Ednubia Ghisi
Da Página do MST
“Mais do que terra pra conseguir plantar, precisamos de um lugar para criar nossos filhos, com acesso à cultura, ao lazer e com desenvolvimento integral e pleno das comunidades rurais”. A afirmação da agricultora Ceres Hadich, direção nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), sintetizou a pauta de reivindicações entregue ao Secretário Estadual de Desenvolvimento Urbano, João Carlos Ortega.
A reunião ocorreu na manhã desta terça-feira (9), no auditório do Palácio das Araucárias, no Centro Cívico. Na plateia estavam aproximadamente 100 integrantes do Movimento, moradores de assentamentos e acampamentos vindos de todas as grandes regiões do Paraná.
Nascido no município de Jandaia do Sul, norte do estado, o secretário João Carlos Ortega disse se identificar com os camponeses Sem Terra: “Eu sei que o agricultor e a agricultora não querem favores, querem produzir e gerar renda”. Ele se comprometeu a avançar na criação de um grupo de trabalho dentro da Secretaria, com a finalidade de construir um plano de desenvolvimento para as áreas: “Vocês [integrantes do MST] são referência, têm uma história de luta e de trabalho. Cabe a nós construir uma grande parceria. Através da nossa Secretaria, vamos conseguir fazer programas específicos com vocês”, garantiu.
De acordo com o Secretário, o desenvolvimento regional, aliado a uma gestão inovadora, moderna e justa, está entre as determinações do governador Ratinho Junior. “Nós estamos com um grande diálogo com os movimentos sociais, que começa com respeito e entendimento das demandas. Não dá pra fazer tudo, mas dá para fazer muito […]. Contem conosco para que possamos, ao final desses quatro anos [de governo], olhar para trás e ver que melhoramos a vida das pessoas”, afirmou Ortega.
O projeto defende a “estruturação de um programa estadual de obras para a implementação de infraestrutura social nas comunidade rurais […], com construção de casas, centros comunitários, parques infantis, academias ao ar livre, campos de futebol, praças, calçamento, centros culturais e de lazer”, conforme apresenta a pauta do Movimento.
João Carlos Ortega garantiu que o Estado tem condições para o desenvolvimento da pauta. “Claro, existem demandas em todas as áreas, mas temos condições de fazer um grande projeto em parceria com as associações, as cooperativas, e em especial, a partir da reunião aqui hoje, com os assentamentos”.
Ao final do encontro, o agricultor José Damaceno, morador do assentamento Dorcelina Folador e dirigente estadual do MST, entregou uma cesta de produtos da reforma agrária, frutos do trabalho de assentamentos e acampamentos de todo o Paraná. O militante também convidou o secretário e o governador para uma visita ao Dorcelina, modelo do desenvolvimento que o Movimento almeja para todo o estado. Lá são processados 40 mil litros de leite por dia, em uma agroindústria que emprega aproximadamente 80 pessoas, com estrutura de Centro Comunitário, campo de futebol e parque infantil.
Além de avançar no desenvolvimento dos 320 assentamentos, a demanda do MST é pela estruturação das mais de 80 comunidades acampadas, que ao todo reúnem cerca de 10 mil famílias em todo o estado. “São posseiros e agricultores familiares que já estão produzindo e desenvolvendo a vida comunitária, sem depender de cestas básicas ou de lona do Incra, como acontecia há anos atrás”, reforçou Roberto Baggio, integrante da direção estadual do MST.
Jornada de Lutas
A reunião integra a Jornada de Lutas de Abril, que começou domingo (7) e segue até quarta-feira (10). Cerca de 700 integrantes do MST participam de diversas atividades em Curitiba nesses quatro dias. As pautas deste ano são pela liberdade do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em defesa da aposentadoria pública digna e por reforma agrária.
Editado por Fernanda Alcântara