MST realiza doação de alimentos à população durante Jornada de Lutas
Da Página do MST
Como parte da Jornada Nacional de Lutas do MST, que acontece em todo país no mês de abril, nesta semana os trabalhadores e trabalhadores Sem Terra realizaram ações de ocupações de latifúndios, prédios públicos, audiências com órgãos governamentais, marchas, aulas públicas, mutirões de trabalho voluntário, doação de alimentos à população, etc., para chamar atenção da sociedade aos ataques que a Reforma Agrária vem sofrendo durante o governo Bolsonaro.
Na semana do 17 abril – Dia Internacional da Luta Camponesa o MST- relembra a memória de 23 anos de impunidade do “Massacre de Eldorado dos Carajás” no Pará, em que 21 trabalhadores Sem Terra foram assassinados pela Polícia Militar.
As atividades também denunciam a proposta de reforma da previdência do governo Bolsonaro, que tramita no Congresso Nacional e, se aprovada, trará danos irreparáveis para a classe trabalhadora, principalmente os trabalhadores do campo.
A partir do projeto e Reforma Agrária Popular, com foco na produção de alimentos saudáveis no campo, em 35 anos de existência o MST tornou-se o maior produtor de arroz orgânico da América Latina. Somente na safra de 2017, foram produzidas 27 mil toneladas de arroz orgânico.
A produção é organizada a partir da criação de cooperativas, associações e agroindústrias nos assentamentos espalhados pelo país. A ideia é promover a agricultura em busca maior equilíbrio entre a biodiversidade e os camponeses, agricultores familiares e as populares que vivem no campo.
Na contramão deste projeto, em pouco mais de 100 dias de governo Bolsonaro, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) já publicou a autorização de 86 novos produtos que contém agrotóxicos, em média, 1,6 por dia.
O Brasil é o maior consumidor de agrotóxicos do mundo, absorvendo alguns tipos de venenos proibidos há anos em países desenvolvidos como os europeus. Inúmeros estudos científicos já comprovaram que o uso intensivo de veneno é o responsável direto por centenas de novos tipos de câncer no país. Além disso, outras doenças que afetam o sistema nervoso estão causando depressão e levando muitos agricultores a cometer suicídios, como as pesquisas mostram no caso das plantações de fumos.
Como integrante da Cooperativa de Produção e Comercialização da Reforma Agrária e Agricultura Familiar (Copcraf) e parte da direção do MST na região, Geni Teixeira de Souza relatou a experiência sobre as famílias assentadas, que reuniram alimentos produzidos nos lotes para se alimentar durante o período em Curitiba e prestar solidariedade às famílias das comunidades que necessitam.
“É muito gratificante para nós. Eu mesma fico imaginando que tem coisa que não preciso mais comprar, que eu produzo. Lá no assentamento um produz uma coisa, outro produz outra, e a gente se alimenta do que as outras famílias também produzem”, explica Geni, que é agricultora no assentamento Valmir Motta, em Cascavel, no Paraná.
São Paulo
No final da tarde da última quarta-feira (17), o MST realizou Ato Público em Defesa da Feira Nacional da Reforma Agrária, no Parque da Água Branca, em São Paulo. O ato teve a participação da sociedade local, integrantes de organizações e de movimentos populares, assim como artistas e parlamentares.
O ato denunciou a criminalização do movimento pelo governador do estado, João Dória, que impediu a realização da feira que acontece no local desde de 2015.
Distrito Federal e entorno
Na última terça-feira (16), cerca de 5 toneladas de alimentos saudáveis foram doadas pelas famílias Sem Terra do Distrito Federal e entorno à classe trabalhadora. As doações ocorreram em dois pontos diferentes: um na BR-020, na região de Planaltina, em frente ao assentamento Oziel Alves, e outro na BR-080, região de Brazilândia, em frente ao acampamento Noelton Angélico.
Pará
Durante a Jornada de Lutas por Reforma Agrária Popular em defesa da Amazônia, o Movimento realizou entre os dias 15 e 17 com o tema “Massacre Nunca Mais!”. Os atos aconteceram no mercado de São Brás, em Belém (Pa), e contou com a V Feira da Reforma Agrária “Mamede Gomes”, debates temáticos sobre a produção de alimentos saudáveis, educação e cultura, direitos sociais, exibição de vídeos, exposição de fotografias e apresentações culturais.
Paraná
Entre os dias 7 e 10 de abril, cerca de 700 trabalhadores e trabalhadoras Sem Terra do Paraná estiveram em Curitiba e participaram de ações de solidariedade, incluindo a doação de alimentos às comunidades de Curitiba.
Um dos mutirões de doação ocorreu em quatro ocupações do bairro Cidade Industrial de Curitiba (CIC) – Tiradentes, Nova Primavera, 29 de Março e Dona Cida -, que receberam uma tonelada de alimentos de diversas comunidades do MST, incluindo a produção orgânica das famílias ligadas à Cooperativa Terra Viva e pelo assentamento Contestado, da Lapa.
A outra ação de solidariedade aconteceu no Centro Educacional Infantil (CEI) Maria Cazetta, no bairro de Uberaba, com a doação de 300 litros de iogurte e 100 peças de queijos, produzidos na Cooperativa da Reforma Agrária Campo Vivo de Arapongas (PR). Os Sem Terra também fizeram um mutirão de revitalização do espaço.
Cerca de 60 militantes do MST participaram de outro ato, desta vez de doação de sangue, realizadas no Hospital Santa Casa e no Centro de Hematologia e Hemoterapia do Paraná (Hemepar), ambos na capital paranaense.
A atividades integraram a Jornada Nacional de Lutas pela liberdade do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em defesa da aposentadoria pública digna e por Reforma Agrária.
Rio de Janeiro
No Dia Internacional da Luta Camponesa pela Reforma Agrária (17), após ocupar a superintendência regional do Incra no estado, manifestantes realizaram o ato “Campo e Cidade na luta por direitos”, na Central do Brasil. Cerca de 150 famílias Sem Terra denunciaram a extração ilegal de areia no assentamento Terra Prometida, localizado na baixada fluminense.
Com a participação de vários movimentos ligados as favelas e luta por moradias na cidade, promoveram a partir das 16h, ato político-cultural com distribuição de alimentos agroecológicos para dialogar com a população sobre a Reforma Agrária Popular e os direitos humanos.
Todas as as ações, juntas, demonstram à sociedade que a produção de alimentos saudáveis para abastecer a mesa do brasileiro só será possível com a realização da Reforma Agrária e Justiça Social e os direitos dos camponeses de produzir sem agrotóxicos.