Jornadas Universitárias no Paraná incentivam defesa da Reforma Agrária

Oito universidades paranaenses realizaram as JURAs entre março e abril deste ano
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VI jornada universitária Unioeste, Campus Cascavel

Por Geani Paula de Souza
Da Página do MST

Durante os meses de março e abril, oito universidades paranaenses realizaram Jornadas Universitárias em Defesa da Reforma Agrária (JURA). O objetivo era proporcionar debates sobre realidade agrária por meio de distintas linguagens, além de realizar a defesa da luta pela terra e da alimentação saudável livre de agrotóxicos e transgênicos.

As JURAs foram pensadas a partir do 2° Encontro Nacional de professores universitários, em 2013, com o MST. Na ocasião foi deliberado que a partir do ano seguinte as jornadas de lutas de abril também seriam realizadas nas universidades que tivessem instrumentos em defesa dos movimentos populares do campo.

Durante o evento nas universidades ocorreram feiras agroecológicas com alimentos vindos dos assentamentos, feira com produtos artesanais indígenas, exposições fotográficas sobre a questão agrária brasileira, apresentações indígenas, além de banca com livros da expressão popular.

“As JURAs proporcionam a integração campo e cidade, uma integração que ocorre de diferentes formas, pelos debates, pela participação, e também pelos produtos que a agricultura camponesa levou para as JURAs por meio das feiras da Reforma Agrária, inclusive a origem da JURA em Cascavel é junto com a feira da reforma agrária no ano de 2016”, disse Valter Leite, do setor de educação do MST no estado.

Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), campus de Laranjeiras do Sul

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Feira da Reforma Agrária realizada
na UFFS – Foto:Ceagro

Na UFFS, o evento aconteceu nos dias 20 e 21 de março e contou com exposição e comercialização de diversos produtos da reforma agrária, desde artesanatos a alimentos in natura, processados e panificados. Estiveram presentes também membros Movimento dos Atingidos por Barragem (MAB), do Movimentos do Pequenos Agricultores (MPA) e Indígenas.
Além da participação de universitários e camponeses, os estudantes das escolas Itinerantes do MST na região também participaram durante os dois dias.

Universidade Estadual de Londrina (UEL)

A atividade na UEL foi realizada durante os dias 12 e 13 de abril, e teve na programação uma mesa redonda com o tema “Movimentos Sociais e Populares: Luta e Resistência”. No segundo dia, o evento continuou no espaço Canto do MARL (Movimento dos Artistas de rua de Londrina), onde aconteceu uma roda de conversa sobre a reforma agrária e o lançamento do livro “Diálogos Formativos para o Campo”, da professora Adriane Medeiros Farias, do Departamento de Educação do CECA.

Universidade Estadual de Maringá (UEM)

A Jornada na UEM iniciou-se no dia 15 de abril e foi até o dia 18, com uma voltada à Educação do Campo, palestra sobre a Reforma Agrária do Noroeste do estado e roda de conversa “Mulheres em Luta: a resistência feminina do urbano e rural”. No ultimo dia realizou-se uma roda de conversa sobre “A Judialização da Luta pela terra” e a exposição do livro “Vida, Luta e Poesia”, do autor Ariulino Alves Morais “Chocolate”, militante do MST.

A programação também contemplou visitas de campo em hortas urbanas de Maringá e na Escola Milton Santos de Agroecologia, além da feira com alimentos dos assentamentos da região.

Universidade Federal do Paraná (UFPR), campus Litoral

Na UFPR do campus Litoral a JURA aconteceu durante os dias 15, 16 e 17 de abril, e teve como principal foco a denuncia dos conflitos agrários, a defesa e a soberania das comunidades do campo e tradicionais. Foram três dias de evento com palestras, feiras, rodas de conversa e intervenções culturais.

Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE)

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Recepção da VI jornada universitária na
Unioeste, Campus Cascavel

Campus Marechal Cândido Rondon

Durante os dias 16 e 17 de abril, o campus Marechal Cândido Rondon da UNIOESTE realizou mesas com a participação de representantes dos movimentos sociais da região e cientistas que divulgaram sua produção acadêmica sobre a temática, além do cinedebate e feira agroecológica.

A realização do evento é possibilitou a divulgação para a comunidade acadêmica e externa da viabilidade econômica e social da produção agroecológica, de assentamentos de trabalhadores sem terra, indígenas e quilombolas.

Campus Cascavel

No campus de Cascavel, a UNIOESTE realizou a VI Jornada Universitária em defesa da Reforma Agrária com base em debates e denuncias sobre os sucessivos ataques à democracia e aos movimentos sociais.

Realizado nos dias 24 e 25 de abril , o evento iniciou com uma mesa de debates sobre a questão agrária na região oeste do Paraná, e trouxe um documentário que mostra a vida de 11 famílias que vivem no pré-assentamento Jangadinha há mais de 20 anos, mas estão com reintegração de posse marcada para este mês. Para o Movimento Sem Terra, este é um momento de resistência no campo.

Campus Foz do Iguaçu

Nos dias 17 e 29 de abril, o campus Foz do Iguaçu, em parceria com Instituto Federal do Paraná e a Universidade Federal da Integração Latino-Americana (UNILA), buscou promover o debate sobre a temática nos mais diferentes cursos e locais da universidade, bem como reunir pesquisadores e professores que refletem a temática proposta.

Universidade Estadual do Paraná (UNESPAR), campus de Paranavai

A VI Jornada Universitária, com o tema “Terra, Trabalho, Educação e Direitos Humanos no Brasil em tempos de crise Politica- Institucional”, iniciou no dia 30 de abril com atividades didáticas, e no dia 01 de maio atividades a campo.
 

Ameaça ao pluralismo de ideias e a democracia no espaço da Universidade

A Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP), campus de Bandeirantes pretendia realizar a I Jornada Universitária em Defesa da Reforma Agrária no dia 25 de abril, com o título “A luta pelo direito a saúde das populações do campo”. O objetivo de promover um espaço de debate interdisciplinar que acolhesse os saberes populares para a problematização sobre a reforma agrária e a luta pelo direito a saúde entre as populações do campo.

Foi então que professores da UENP, aparelhados por suas concepções ideológicas contrárias a discussão do tema e a presença do MST no espaço da Universidade, por meio redes sociais, iniciaram um processo de mobilização para coibir e repudiar o evento de extensão acadêmica.

O processo de “pressão” sobre a Reitoria e sobre professores que estavam organizando o evento foi tão grande que envolveu ameaças de embate e de enfrentamento. Com receio de acontecer algo durante a atividade, a coordenação resolveu cancelar a Jornada, em uma negação ao pluralismo de ideias e a democracia no espaço da Universidade.

 

Editado por Fernanda Alcântara