Santo Isidoro Camponês é celebrado na região da Campanha do RS

Comemoração do padroeiro de rede de comunidades coincide com festividades dos 30 nos da Reforma Agrária na região
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Celebração religiosa coincide com as comemorações dos 30 anos de organização

Por Instituto Cultural Padre Josimo
Da Página do MST

 

A rede de comunidades localizada entre os municípios de Aceguá, Candiota e Hulha Negra, na Campanha do Rio Grande do Sul, realizou no dia 19 de maio a 11ª edição da festa do seu padroeiro, Santo Isidoro Camponês. A celebração religiosa coincide com as comemorações dos 30 anos de organização, lutas e conquista da Reforma Agrária na região, colocando em foco, lado a lado, a reflexão espiritual e a pauta social.

O padroeiro da rede é lembrado com festa todos os anos no mês de maio, pela ocasião da data comemorativa do santo, reservada pela igreja no dia 15 de maio. A festa é itinerante, acontecendo sempre em uma comunidade diferente, que reúna condições de organicidade e estrutura adequada para receber os devotos para as atividades.
 

Frei Wilson Zanatta explica que em 2019, além da celebração do santo padroeiro, ainda há a referência das três décadas do início do processo de Reforma Agrária no Sul do Pampa Gaúcho. “Já são 30 anos que aqui chegaram as primeiras famílias, dando origem às comunidades e aos 65 assentamentos, com quase duas mil famílias pertencentes ao bloco de 50 mil hectares de terra compartilhados, que hoje estão em festa”, afirma.

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Para o Franciscano, a organização das famílias através do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) foi imprescindível para que hoje tenham condições de viver com dignidade. “A luta através dos  acampamentos, marchas e ocupações se fez presente às famílias, conseguir obter os direitos a um pedaço de terra, casa, luz, saúde, educação para os filhos, comida e uma convivência com a liberdade para desfrutar do trabalho, sem deixar para outros boa parte da parcela produzida”, diz.

Durante o ano todo, a rede de comunidades e o MST se programaram para festejar esta data tão importantes em todas as comunidades, assentamentos, escolas, seminários e rádio. “Além de festejar as conquistas que são frutos das lutas, procuram resgatar a história fazendo memória de tudo que aconteceu para que a juventude conheça melhor esta caminhada. Pois, saberemos melhor para onde ir se conhecermos de onde viemos”, emenda Zanatta.
 

Atividades
 

A festividade e a celebração aconteceram na comunidade de São Roque, que recebeu os visitantes para celebrar com procissão e assim recordar conjuntamente a caminhada do povo de Deus à “Terra Prometida” e a caminhada das famílias em busca da “Terra onde corre Leite e Mel”.
 

Esteve celebrando nas festividades o bispo diocesano D. Frei Cleonir Paulo Dalbosco, recém completados seis meses de seu mandato junto à Diocese de Bagé, da qual a rede faz parte. Essa foi a primeira visita do novo bispo à rede e aos assentamentos.

Antes da bênção do bispo, a assentada Arlete Bulcão Pinto, liderança das comunidades e do movimento, agradeceu o apoio de muitas pessoas e de modo particular da igreja Diocesana, presente entre as famílias desde que ali chegaram os sem-terra. Uma cesta repleta de alimentos produzidos no sistema de agroecologia – sem utilizar venenos agrícolas ou insumos artificiais – foi entregue a Dom Cleonir, simbolizando esse elo de compromisso social desenvolvido entre famílias e igreja ao longo destes 30 anos.
 

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Dom Cleonir celebrou com alegria, motivando as pessoas e as comunidades pela “construção desta bela história que deve ser sempre lembrada com muito carinho. Uma história sofrida, guiados pela fé em Deus, a exemplo de Santo Isidoro, que em sua vida manteve a fé e uma vida íntegra, baseada na solidariedade e na justiça”. Destacando o amor que as pessoas devem ter de umas pelas outras, como destacou o evangelho do dia através das palavras de Jesus: ‘Amem-se uns aos outros como eu vos amei’. O amor pode ajudar a construir um mundo diferente, sem ódios”.

Após a celebração animada com muitos cantos, foi realizada a confraternização festiva onde a mesa farta contou com o tradicional churrasco, emendando com a programação da tarde onde todos divertiram-se com jogos populares, futebol feminino e masculino, bochas e dança.

“O dia festivo foi merecedor de gente que sempre está olhando para horizonte em busca de dias melhores e sonhos para todas e todos, tendo em mente o desafio que foi lançado por Jesus e neste dia de festa relembrado por Dom Cleonir, que nos diz que se em nossa vida salvarmos uma pessoa, já estaremos fazendo a nossa parte”, concluiu Frei Zanatta.