Festa da Reforma Agrária no Paraná: 22 Anos de Lutas e Conquistas

Entre abertura, almoço e matinê passaram pela festa no assentamento 8 de Junho aproximadamente duas mil pessoas
LRM_EXPORT_196221519817381_20190610_143634377.jpeg
22 anos de Feira no Assentamento 8 de Junho. Fotos: Jaine Amorin

 
Por Jaine Amorin
Da Página do MST

 

No último domingo (09/06), reunindo aproximadamente duas mil pessoas, o assentamento Oito de Junho, localizado no município de Laranjeiras do Sul, região centro do estado do Paraná, comemorou seu 22º aniversário com a já tradicional e grandiosa festa da reforma agrária.
 

Com o objetivo de partilhar e confraternizar a resistência da luta pela terra, a comemoração ocorre todos os anos no domingo mais próximo ao dia 8 de Junho. A programação se iniciou com uma mística que retrata um pouco da história do assentamento relacionada a conjuntura atual, esse ano foi abordado questões ambientais e a importância que a reforma agrária tem para a construção de um Brasil mais sustentável. 
 

LRM_EXPORT_195739490191106_20190610_142832347.jpeg

“É uma importante celebração para a vida em comunidade. Tem uma grande participação das famílias nos preparativos da festa, tanto nas doações, como nos serviços”, afirma Ivo Amorin, da coordenação do assentamento.

Em seguida, foi realizado o ato político social que teve a presença de Darci da Silva, da coordenação do assentamento, Elemar Cezimbra, representando a Via Campesina, o vice-reitor Antonio Andrioli representando a Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) e o Deputado Estadual Professor Lemos (PT).
 

Após o ato, foi servido para cerca de 1.200 pessoas o almoço feito e doado pelas famílias do assentamento. O cardápio contou com 670kg de carne de gado, porco e frango, além de arroz, mandioca, batata, saladas de tomate, chuchu e repolho, e panificados. Animação da tarde foi com a banda Mil e Uma Noites.
 

Amorin ainda ressaltou a importância da integração entre campo e cidade e a participação de outras comunidades e assentamentos.
 

“Essa integração nossa com a cidade demonstra que a reforma agrária dá certo. É muito importante para nós do assentamento poder celebrar junto com pessoas de diversos ramos sociais, motivo de muita alegria a participação das famílias da cidade, de comunidades vizinhas e de outros assentamentos”, disse o assentado.

22 Anos de lutas e conquistas
 

O assentamento teve origem do acampamento montado às margens da BR 158, no dia 8 de Junho de 1997, com 17 famílias organizadas pelo MST com objetivo de ocupar a fazenda Rio Leão. Em pouco tempo o espaço passou a contar com cerca de 240 famílias, e ocupou a fazenda em janeiro de 1998.

 

As famílias resistiram aos dias ensolarados de verão e durante os rigorosos invernos embaixo da lona preta até a conquista definitiva da área no ano de 2001, onde começaram a construir seus lares em terras que puderam passar a dizer que eram suas.

LRM_EXPORT_196662796746327_20190610_144355654.jpeg

O assentamento foi formado com 74 lotes até o ano de 2009, quando três lotes foram cedidos para a instalação de um dos campus da UFFS, uma grande conquista dos movimentos sociais da região Sul do Brasil, sendo o primeiro campus de Universidade Federal dentro de um assentamento de reforma agrária.

Após essa conquista o assentamento passou a ter 71 lotes e atualmente com mais de 100 famílias, contando filhas e filhos de assentados que hoje moram no lote com os pais.

Durante esses anos várias estruturas foram formadas no assentamento, como a cooperativa de panificados, COPERJUNHO, que fornece alimentos para as escolas municipais e estaduais da cidade de Laranjeiras do Sul, barracão de festa, ginásio esportivo, campo de futebol, e está em construção a escola municipal do campo e o laticínio regional, que irá agregar valor ao leite produzido nas áreas de assentamentos da região.

Além das conquistas estruturais que se formaram ao longo desses anos, o assentamento comemora muito mais do que uma área reformada: comemora a reforma agrária popular, que não apenas divide uma terra, que também cria condições de vida, como moradia, trabalho, cultura e lazer, em uma comunidade que vive realmente em comunidade, buscando sempre o bem comum. 

 

*Editado por Fernanda Alcântara