No Nordeste, Mulheres Sem Terra se organizam para Encontro Nacional
Por Wesley Lima
Da Página do MST
A 4º Turma do Curso de Feminismo e Marxismo da região Nordeste, além de realizar diversos debates em torno da participação das mulheres no MST, da luta contra o agronegócio, contra o patriarcado e a violência, aponta as principais ações que serão realizadas nos próximos meses em preparação para o 1º Encontro Nacional das Mulheres Sem Terra, previsto para novembro, em Brasília.
O curso reúne cerca de 55 trabalhadoras Sem Terra de todos os estados do Nordeste desde a última segunda-feira (22), no Centro de Formação Paulo Freire, localizado no assentamento Normandia, em Caruaru (PE). As atividades seguem até sexta-feira (26).
Semeando resistência
O Encontro Nacional das Mulheres Sem Terra é construído sob o lema “Mulheres em Luta: Semeando resistência” e contará com a participação de 3 mil trabalhadoras Sem Terra de 24 estados e do Distrito Federal.
Sobre o caráter, Margarida da Silva, da direção nacional do MST pelo estado de Alagoas, pontua que o encontro articula-se em torno de quatro questões: da luta, troca de experiências, formação e confraternização.
Ela explica que o evento acontece num momento de retrocessos e de perca de direitos das mulheres. Por isso, “tem como objetivos centrais fortalecer a organicidade das mulheres e fortalecer a unidade de classe das mulheres trabalhadoras do campo e da cidade”.
Preparação no Nordeste
A partir do Curso de feminismo e Marxismo algumas iniciativas são pensadas para garantir a construção do Encontro Nacional. Flavia Vieira, do setor de gênero do MST na Bahia, diz que no Nordeste acontecerão seminários e encontros preparativos. Tudo isso “com toda mística e características da grande região”.
“Hoje já existe uma articulação nos estados para que nossas mulheres possam participar dessas atividades com o objetivo de fortalecer esse processo de construção do nosso encontro”, afirma.
As atividades de preparação no Nordeste para o encontro têm como base o estudo e a formação política. Vieira acredita que é importante reafirmar esse processo enquanto princípio, “porque as mulheres vivem constantemente as opressões do capitalismo, do patriarcado e são cotidianamente oprimidas. A formação é um passo importante na superação dessa lógica”, enfatiza.
Ainda nesse contexto, Vieira afirma que o MST tem dois grandes desafios com a realização do Encontro Nacional. O primeiro diz respeito a construção da unidade do campo popular em torno da luta das mulheres. “Isso é muito importante para enfrentarmos esse momento e fazer com que nossas mulheres ocupem sempre esse protagonismo dentro de nossas organizações”.
Por fim, ela diz que o encontro aponta o protagonismo das mulheres como um desafio permanente na construção das lutas políticas. “Quando a gente consegue que nossas mulheres não estejam apenas nas tarefas por representatividade, conquistamos um espaço e garantimos o protagonismo de nossas histórias. Para isso, é necessário unir formação, participação e luta”, conclui.
*Editado por Fernanda Alcântara