Saúde se conquista com luta e produção de alimentos saudáveis

Por Nadine Nascimento
Da Página do MST
 

A alimentação saudável é a capacidade de se alimentar de forma solidária, adequada, com produtos livres de transgênicos e agrotóxicos, e produzidos de forma que não oprima os trabalhadores. Muito mais do que contar calorias ou nutrientes, se alimentar de forma saudável tem a ver com hábitos alimentares ancestrais, com a valorização das receitas tradicionais, com o consumo de frutas e verduras da estação, produzidos pela agricultura familiar de forma autônoma.
 

Os valores relacionados à luta pela reforma agrária e pela transformação da sociedade estão diretamente relacionados com a valorização das técnicas e dos saberes populares e à promoção da autonomia dos trabalhadores rurais, o que passa pelo direito à saúde.
 

Por isso, uma alimentação adequada e saudável só é garantida com o direito à terra dos diferentes povos e com a soberania alimentar, ou seja, a liberdade de se utilizar práticas ancestrais de produção. “O MST definiu e deixou claro que a função social da terra conquistada é produzir alimento saudável. O sentido para nós de saúde e de viver é mais do que sobreviver e curar doenças. Para o MST produzir está inserida em um processo como todo da vida e da saúde”, garante Antonia Ivoneide, do setor de produção do MST.
 

Para Etel Matielo, nutricionista do setor de Saúde do MST,  alimentação saudável é milenar e tem algumas características próprias: alimentação diversificada – alimentos frescos ou pouco processados; adequada aos biomas locais e à sazonalidade; sem uso de agrotóxicos; produção voltada para o autoconsumo; preparo e consumo coletivo; uso de condimentos naturais; garantia de acesso a partir da posse da terra e dos meios de produção ou a partir da comercialização.

“A gente advoga para que esses alimentos sejam produzidos de forma agroecológica porque uma alimentação saudável além de contribuir para a saúde dos seres humanos, também precisa contribuir para a saúde do ambiente. Quando a produção de alimentos está equilibrada ela nutre nossa terra, nutre nosso solo”, acredita a nutricionista. 
 

Os alimentos estão diretamente relacionados às práticas populares de saúde. Muitos dos temperos que utilizamos para dar mais sabor à nossa comida, no caso do alho, da cebola e pimenta, por exemplo, também apresentam propriedades antibióticas nos protegendo de várias doenças. “Muito mais do que pensar num peso adequado e num corpo para os padrões de beleza, pensar em alimentação saudável é pensar naquela que vai nos dar força, dignidade, esperança, que vai possibilitar a construção de laços importantes culturais e afetivos para continuarmos na luta”, define Etel. 
 

A alimentação é um direito humano que perpassa o direito de acesso aos recursos e meios para produzir ou adquirir alimentos seguros e saudáveis que considerem a cultura, os hábitos e práticas alimentares de cada povo, em todos os momentos e em todos os espaços. Uma alimentação saudável, nessa  perspectiva, é um ato político. 

*Editado por Fernanda Alcântara