Vamos aprender e brincar com as crianças Sem Terrinha?

Em Minas Gerais, oficina reúne crianças para debater o lugar da infância no MST
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Ao longo dos três dias de atividade aconteceram debates e oficinas. Foto: Agatha Azevedo

 

Por Agatha Azevedo
Da Página do MST

 

Com foco no direito das crianças, na alimentação saudável e no protagonismo dos Sem Terrinha no processo de construção do MST, aconteceu entre os dias 9 e 11/8, em Belo Horizonte (MG), a oficina estadual das crianças Sem Terrinha.

Com a representação de seis regiões do MST no estado, as 10 crianças e os 13 educadores presentes saíram da oficina com a tarefa de pensar encontros ampliados dos Sem Terrinha.

Ao longo dos três dias aconteceram debates e oficinas que ajudaram a construir perspectivas para pensar o lugar da infância no Movimento e qual a forma de garantir a participação das crianças na construção da luta, da arte e da cultura Sem Terra. 

“A metodologia proposta de tempo de vivência, oficinas e organização das crianças Sem Terrinha como sujeitos contribuiu para formar uma infância menos passiva, que historicamente é afirmada na sociedade capitalista. O que a gente quer construir é uma infância do presente, que atue na sua realidade”, explica Carol Rodrigues, do coletivo de cultura do MST no estado.

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As oficinas trabalharam a imaginação das
crianças. Foto: Agatha Azevedo

Carol também reforçou a necessidade de sermos sujeitos “criadores de arte e de alegria”, construindo espaços importantes para os Sem Terrinha e para os educadores. “Nessa perspectiva, as crianças assumem o comando de suas vidas e contribuem para a construção de um mundo mais digno. Em tempos de ódio, a humanização é algo muito precioso e a arte faz isso”, completa.

Essa reflexão serviu para o setor de educação do Movimento repensar e recriar as suas práticas educativas e o papel de mediador que os educadores tem no processo de protagonismo na infância. 

Nesse sentido, Helen Mayara, do setor de educação do MST, afirma que “podemos perceber nesse tempo que tivemos com as crianças, o potencial delas, sabendo valorizar seus conhecimentos e cada espaço contribuiu para o setor compreender que as crianças Sem Terrinha possuem um lugar no Movimento e que elas são capazes de se auto-organizar”.

Brincar e lutar

Ao pensar na participação das crianças, o lema dos encontros regionais dos Sem Terrinha foi construído de maneira lúdica, através da dinâmica da ilha. A partir dos jogos, as crianças entoaram: “Sem terrinha em movimento: por escola, terra e dignidade!”, o lema do Encontro Nacional das Crianças Sem Terrinha.

Além das brincadeiras, as crianças também tiveram a experiência de construir uma rádio e produziram um spot de divulgação dos encontros Sem Terrinha, reforçando a comunicação como papel de todos os sujeitos da organização.

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Atividades recreativas durante a oficina. Foto: Agatha Azevedo

“Quero levar um tanto de brincadeiras”

As oficinas trabalharam brincadeiras de roda, cantigas e a imaginação das crianças na criação de brinquedos e jogos a partir de materiais recicláveis. Tiago Santos tem 11 anos e é acampado no Vale do Jequitinhonha, ele conta que as brincadeiras do encontro foram muito boas.”Foram bons esses dias que a gente ficou aqui. Foi muito bom ir no cinema. Eu já sabia como era, mas eu nunca tinha ido e quero levar um tanto de brincadeiras e ensinar as crianças a tocar pandeiro, que eu também não sabia”.

Já Letícia Martins, de 10 anos, assentada no Sul de Minas, participou pela primeira vez de uma atividade com as crianças Sem Terrinha. “Nós brincamos, fizemos um monte de coisa, pintamos e aprendemos sobre alimentação, e eu gostei muito da atividade da ilha, eu nunca tinha feito essa brincadeira”.

Sobre o encontro regional, ela assume a tarefa de passar os aprendizados da oficina às outras crianças e destaca: “tomara que vá muitas crianças!”.

 

*Editado por Wesley Lima