Seminário de Educação do Campo discute práticas pedagógicas

Evento foi realizado na região do Pontal do Paranapanema, no estado de São Paulo
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 4º Seminário de Educação do Campo teve como lema “A Pedagogia do Campo no Pontal do Paranapanema”. Fotos: Coletivo de Comunicação MST/SP

Por Coletivo de Comunicação MST/SP
Da Página do MST

No dia 16 de agosto aconteceu, no município de Tarabai, região do Pontal do Paranapanema (SP), a 4ª edição do Seminário de Educação do Campo, com lema “A Pedagogia do Campo no Pontal do Paranapanema”. O evento foi realizado pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), com apoio do Instituto Federal de São Paulo Campus de Presidente Epitácio, Universidade do Oeste Paulista, Universidade Estadual Paulista – Campus Presidente Prudente, Associação dos Geógrafos do Brasil, Centro Acadêmico de Pedagogia Demerval Saviani, Diretoria de Ensino de Mirante do Paranapanema e Prefeitura Municipal de Tarabai. 
 

O seminário contou com a participação de 300 pessoas, entre professores que atendem comunidades do campo, educandos, professores de instituições de ensino superior, representantes de áreas de reforma agrária e gestores públicos.
 

Após a mesa de abertura com representantes de movimentos sociais, grupos de pesquisa e estudos relacionados à questão agrária e educação do campo e gestores públicos, seguiu-se a programação com resgate histórico dos seminários de educação do campo na região, apresentação de experiências pedagógicas relacionadas à formação de professores, articulação entre comunidade e poder público e metodologias de educação do campo.
 

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No intervalo do almoço, a juventude Sem Terra presente organizou uma assembleia para afirmar os compromissos com a defesa da educação do campo, dos direitos e da vida, como parte da Jornada Nacional da Juventude Sem Terra, que acontece durante o mês de agosto em todo o Brasil.
 

Durante o dia foram realizados debates em grupos de trabalho para compartilhar as experiências construídas em âmbito local, na perspectiva dos sujeitos do campo e dos desafios colocados, onde verificou-se o processo de fechamento das escolas no campo e a desconsideração desta realidade por parte das escolas urbanas que atendem estes sujeitos.

Dentre as práticas relatadas, foram ressaltadas as experiências de formação de professores, que ocorrem atualmente na região mas que ainda não dão conta da demanda existente, e a construção de hortas agroecológicas, como ferramenta para discussão da alimentação saudável e do embelezamento das escolas como parte do processo de envolvimento com a comunidade.
 

Quanto aos desafios destacam-se a compreensão e o respeito à cultura e ao modo de vida no campo; o debate sobre o conhecimento científico a serviço das escolas do campo; o enfrentamento ao avanço do agronegócio na região e seu alto índice de uso de agrotóxicos; a construção de currículos, projetos políticos pedagógicos e políticas públicas em sintonia com a realidade das comunidades do campo; a construção do sentimento de pertencimento ao campo com os educandos, desafiados em transformar essa realidade; o enfrentamento aos cortes na educação e precarização das políticas públicas; a compreensão da função da escola no território; o acesso da juventude do campo a universidade e pensar políticas públicas para a educação infantil.
 

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Na conferência final do seminário, o professor Bernardo Mançano Fernandes (Unesp) fez um resgate histórico dos processos de educação do campo, afirmando a agroecologia e a produção de comida saudável como forma de combater o agronegócio, e pontuou que a educação do campo é uma ação coletiva, que neste momento histórico precisa enfrentar o processo de desmonte com ações propositivas.

Neste sentido, o professor propõe às instituições de ensino superior que atuam na região a proposição de cursos de atualização para educadores (as) do campo, com uma agenda de trabalho permanente com participação da comunidade e movimentos sociais, a organização de cursos preparatórios para ampliar as possibilidades de ingresso da juventude do campo na universidade e organizar a participação da região no Encontro Latino-americano de Educação do Campo, previsto para 2021.
 

A articulação da Educação do Campo segue na região para a construção de uma pedagogia comprometida com a transformação social.

*Editado por Fernanda Alcântara