Familias e amigos do MST realizam ato ecumênico em memória ao companheiro Keno no Paraná

Valmir Mota, o Keno, foi assassinado por uma milícia contratada pela empresa transnacional Suíça, a Syngenta no dia 21 de outubro de 2007
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Acampados, assentados e amigos do MST lembraram os 12 anos do assassinato de Keno. Foto: Comunicação MST/PR 

 

Por Geani Paula de Souza
Da Página do MST

 

No último sábado (19/10) cerca de 100 pessoas entre acampados, assentados e amigos do MST realizaram um ato ecumênico em memória ao militante da Via Campesina, o Keno, assassinado a mando da transnacional Syngenta, há 12 anos.

O ato aconteceu no assentamento Valmir Mota de Oliveira, em Cascavel, região oeste do Paraná, onde sua família hoje é assentada, e contou com a presença religiosa da igreja Anglicana, Católica e da Assembleia de Deus.

Embaixo da sombra de um pé de abacate, o Reverendo Luis Carlos Gabas puxou a celebração ecumênica relembrando a luta e a trajetória de Keno, que para ele foi um profeta do povo, buscando uma vida melhor para as famílias Sem Terra.
 

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Ato ecumênico aconteceu no assentamento
 Valmir Mota de Oliveira, em Cascavel (PR)

“O projeto de Deus não é para os grandes, o projeto de Deus é voltado para os pequenos, para os pobres, por que Deus quer uma mudança que permita que todas as pessoas possam ter terra, possam ter comida, possam ter acesso à educação e a saúde”, disse Gabas na celebração.

Para o MST, a morte do Keno foi uma perda irreparável. “Nós do MST sofremos muito com a perda do Keno, o coletivo pode ser um coletivo grande, mas quando se perde uma peça fundamental e importante em uma disputa com o agronegócio, é complicado”, disse Celso Barbosa da coordenação do movimento na região.
 

Relembre o caso

No dia 21 de outubro de 2007, cerca de 40 pistoleiros da empresa de proteção privada NF Segurança atacaram o acampamento da Via Campesina, no campo de experimento de transgênicos da transnacional Syngenta, em Santa Tereza do Oeste (PR). O local havia sido reocupado por cerca de 150 integrantes da Via Campesina e do MST pela manhã.
Os ocupantes denunciavam a realização de experimentos ilegais com milho transgênico em zona de amortecimento do Parque Nacional do Iguaçu, prática vedada pela Lei de Biossegurança. 

Uma milícia fortemente armada da NF Segurança invadiu o local, disparando tiros em direção às pessoas que ocupavam o espaço. Segundo informações, a ação teria sido promovida pela Syngenta que utilizava serviços da NF Segurança, em conjunto com a sociedade Rural da Região Oeste (SRO), e o Movimento dos Produtores Rurais (MPR), ligado ao agronegócio.

Indícios apontam que a empresa de segurança seria de fachada, e que contratava seguranças de forma ilegal para as operações de ataque. Além de Keno, os atiradores balearam e espancaram Isabel e feriram outros três agricultores.
 

Syngenta condenada

Em novembro de 2018 a Empresa suíça produtora de transgênicos e agrotóxicos, a Syngenta Seeds foi judicialmente responsabilizada pelo assassinato de Keno, e pela tentativa de assassinato de Isabel do Nascimento de Souza. 

A decisão dada pelo juiz de direito Pedro Ivo Moreiro, da 1ª Vara Cível da Comarca de Cascavel – determina que a empresa indenize os familiares de Keno e a vítima Isabel pelos danos morais e materiais que causou.

*Editado por Fernanda Alcântara