Na Índia “crise agrária” e no Brasil agronegócio

Matheus Gringo, do Tricontinental, explica como o neoliberalismo afeta o meio ambiente e os trabalhadores no campo
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“A crise agrária tem a ver com essa catástrofe climática produzida pelas políticas neoliberais”, explica Gringo. Foto:Barbara Vida

Por Wesley Lima
Da Página do MST

 

Há uma epidemia, altas taxas de desnutrição, dívidas e êxodo dos trabalhadores rurais na Índia. Esses dados são apresentados pelo Instituto Tricontinental de Pesquisa Social no Dossiê 21 – “A Catástrofe climática e o ataque neoliberal à Índia Rural” lançado no último dia 8 de outubro.
 

Baseado nos estudos de P. Sainath, membro sênior do Tricontinental e fundador do Arquivo Popular da Índia Rural (PARI, sigla em inglês para People’s Archive for Rural India), o dossiê traz um quadro dos impactos da comercialização da agricultura e a dominação do setor por corporações multinacionais. 

Além disso, o estudo aponta como as mudanças provocadas pelo modelo da atual “crise agrária” afetam diretamente o clima, a vegetação, as formas de cultivo e a vida dos agricultores.  
 

Confira o Dossiê na íntegra aqui.
 

O economista e integrante do escritório no Brasil do Tricontinental, Matheus Gringo, fala com exclusividade para Página do MST sobre o processo de concepção do Dossiê e seus resultados, conectando-os a realidade brasileira.
 

Ele explica que o estudo traz dois relatos: um sobre os impactos, tanto na economia rural quanto na vida dos trabalhadores, em relação as mudanças climáticas que estão acontecendo na Índia; e um segundo, de resistência das mulheres camponesas que se organizam em torno de redes e cooperativas para enfrentar os efeitos das “catástrofes ambientais que o país tem vivenciado”.
 

Sobre os “efeitos dramáticos” que a população indiana tem passado, Gringo afirma que o autor P. Sainath chama esse processo de “crise agrária” e continua: “A crise agrária tem haver com essa catástrofe climática produzida pelas políticas neoliberais que colocaram a produção dos camponeses indianos sob o controle das grandes empresas transnacionais, sob o monopólio dessas empresas, desde as cadeias globais das commodities ao controle das sementes, insumos e comercialização.”
 

O Dossiê apresenta um diagnóstico dos impactos da “crise agrária” e aponta algumas causas identificadas que constituem essa crise. Segundo Gringo, o primeiro fato é a mudança do modelo de agricultura local indiana para o controle capitalista de agricultura corporativa. 
 

Confira a entrevista na íntegra:
 

*Editado por Fernanda Alcântara